Resultados dependem do grau de maturidade das instituições e benefícios para o sistema esbarram em dificuldades de acesso e falta de interoperabilidade
Em abril, o Anahp ao Vivo – Jornadas Digitais está abordando o tema Inovação e Tecnologia em encontros promovidos pela Anahp junto com a Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS) e a Saúde Digital Brasil (SDB). Na última quinta-feira (13), os convidados debateram como o prontuário eletrônico tem revolucionado a saúde no Brasil.
De acordo com os especialistas, podemos afirmar que o prontuário eletrônico está efetivamente revolucionando a assistência, mas ainda existem dificuldades e potencial para muito mais. “A forma como passamos a coletar as informações é um avanço enorme, mas a diferença entre o grau de maturidade das organizações continua sendo um desafio”, avaliou Alex Julian, Chief Transformation Officer na Kora Saúde.
Eli Szwarc, líder de Informatics Latam na Philips, concordou que os efeitos estão surgindo de maneira heterogênea. “A transformação é mais significativa para um grupo do que para o outro”. E acrescentou que a ferramenta não entrega os mesmos resultados para todos, pois isso depende de estratégias, processos e estrutura integrados ao prontuário.
Julian seguiu nessa linha observando que “as evoluções das ferramentas são notáveis, mas é preciso ter disponibilidade, confiabilidade e processos que ofereçam os resultados esperados”. Daennye Oliveira, diretora do Prontuário Eletrônico na MV, arrematou que “não adianta apenas ter a ferramenta, é preciso avaliar como ela está sendo utilizada”.
Szwarc continuou destacando que é necessário ter um planejamento bem elaborado para incorporar a tecnologia, inclusive por parte do governo. “O prontuário eletrônico deve ser visto apenas como a porta de entrada para uma grande transformação digital”, afirmou. E Julian opinou que, agora, a melhor estratégia para avançar é simplificar. “E, para simplificar, é importante ter o apoio dos fornecedores de tecnologia”, sugeriu.
Vitor Ferreira, presidente da ABCIS, coordenador do GT Tecnologia e Inovação em Saúde da Anahp e gerente de TI do Hospital Moinhos de Vento, complementou que, considerando as desigualdades de um país continental como o Brasil, também é preciso discutir como tornar a ferramenta mais acessível. Oliveira trouxe, então, a ideia de oferecer ferramentas menos elaboradas e mais baratas, de acordo com as necessidades de organizações menores.
Por outo lado, acrescentou Ferreira, expandir o acesso não vai adiantar muito sem estabelecer, de fato, a interoperabilidade. “E nós temos uma dificuldade crônica para dar o primeiro passo para a interoperabilidade”, lamentou. Oliveira ressaltou que as empresas precisam entender a importância e “querer a interoperabilidade”, mas admitiu ter um olhar pessimista sobre isso. “Acho que vai precisar ser obrigatório, com regulamentação”, avaliou.
Julian afirmou que o que vai determinar a interoperabilidade é a perspectiva de retorno econômico. “É preciso um business case que demonstre o impacto no negócio, como foi feito no setor financeiro”. No mais, continuou, a saúde não deve esperar um cenário perfeito para dar o primeiro passo. “Devemos ir em frente com o que temos, como fizemos com a telemedicina. Vamos avançando e ajustando o que não funcionar como esperamos”, completou.
Para finalizar, Ferreira lembrou que as enormes complexidades do setor de saúde sempre oferecem justificativas para a inatividade. “Sempre vai existir motivos para não fazer. Mas, na minha opinião, precisamos olhar mais para as razões que nos recomendam ir em frente”.
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Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais
O debate “Como o prontuário digital tem revolucionado a saúde no Brasil” contou com a participação de Alex Julian, Chief Transformation Officer na Kora Saúde, Daennye Oliveira, diretora do Prontuário Eletrônico na MV, e Eli Szwarc, líder de Informatics Latam na Philips. A moderação foi feita por Vitor Ferreira, presidente da ABCIS, coordenador do GT Tecnologia e Inovação em Saúde da Anahp e gerente de TI no Hospital Moinhos de Vento.
O “Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais” é uma série de eventos on-line, temáticos e gratuitos, que semanalmente, dentro de um mês, reúne especialistas para debates relevantes para o setor saúde.