Primeiro dia do Conahp 2022 traz debate sobre futuro da atenção básica à saúde no Brasil

Especialistas destacam a interoperabilidade da rede, melhorias na formação de profissionais da saúde e aprimoramento da comunicação com a população entre os desafios do combate à fragmentação do sistema de saúde

Iniciado nesta segunda-feira (7), o Conahp 2022, considerado o mais importante evento de saúde do país, contou com especialistas nacionais e internacionais em uma mesa redonda sobre o tema “Repensando a Atenção Básica e a coordenação de cuidados para um sistema de saúde fragmentado e um país de grandes desigualdades”.

Com moderação de José Marcelo Amatuzzi de Oliveira, diretor-presidente do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, os palestrantes abordaram os principais desafios e obstáculos enfrentados atualmente pelo SUS (Sistema Único de Saúde), trazendo sua visão sobre o futuro da atenção básica e as melhorias do sistema em um cenário pós-pandêmico, considerando o momento de transição de governos.

O bate-papo teve início com a participação de Minal Bakhai, diretora nacional de Transformação da Atenção Primária no NHS, o SUS do Reino Unido, que proporcionou a troca de experiências entre países e indicou seus caminhos de aperfeiçoamento do sistema que, conforme avaliou, para além dos avanços tecnológicos, deve ter foco na melhoria da comunicação com a população.

“Primeiro temos que criar uma interface de fácil acesso, ampliando o cuidado com a linguagem e com o design de nossa plataforma, a fim de criar uma experiência mais empática e assertiva, auxiliando a população a evoluir também na forma como procura os serviços de saúde”, salientou.

Trazendo o tema para a experiência brasileira, o consultor do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (CONASS) Eugênio Vilaça afirmou que os principais desafios serão aumentar a oferta de serviços em municípios de difícil acesso, bem como melhorar a estrutura das unidades do SUS em todas as regiões do país, reduzir o turnover profissional, integrar as tecnologias de autocuidado e fortalecer a cultura de promoção e prevenção a saúde.

O especialista defendeu ser crucial, no atual momento, que se promova uma revolução na cultura e integração de todos os sistemas. “A superação da fragmentação e organização exige mudança no modelo de gestão, no modelo de financiamento e no modelo de atenção à saúde.”

Tecnologia como base para o controle da saúde da população

Para corroborar com o tema, Pedro Batista, Head de Inovação na iAsis Health, reforçou a importância de construir a interoperabilidade da rede, ou seja, promover a integração de todos os sistemas em uma plataforma que contemple os padrões de segurança e de controle para o acesso às informações dos pacientes.

“Temos, em média, 20 sistemas utilizados hoje para controlar as informações do paciente, quando não temos a integração entre um sistema e outro, começamos a ter perdas de informações que chamamos de pontos de alerta, que são essenciais para entendermos quais são os focos de atenção à saúde de cada paciente”, frisou.

Além da questão tecnológica, a formação dos profissionais de saúde foi destacada por todos os participantes como fator elementar no processo de modernização da atenção básica. “Temos que pensar na educação em toda a sua extensão, inovar a forma como estimular e preparar os jovens em suas formações, nas suas escolhas. Não podemos pensar na saúde sem pensar na formação de nossos profissionais”, ressaltou a professora titular da FGV-EAESP Ana Maria Malik.

Indo de encontro à fala de Minal Bakhai, a especialista defendeu, ainda, que além de olhar para a formação profissional, é necessário fortalecer a educação da população. “Os discursos são fáceis de assimilar, mas a prática depende do ser humano, e o ser humano tem um pensamento incontrolável. Temos que conseguir cada vez mais melhorar nossas características e habilidades de comunicação para chegar a todos os públicos, unificando a mensagem da promoção e prevenção à saúde”, finalizou.

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