A hora do nascimento de um filho é motivo de alegria para a maioria dos pais. São nove meses de espera para conhecer o rostinho do mais novo membro da família. Mas existem bebês que surpreendem a todos e chegam antes do tempo, como a pequena Júlia Lima Rodrigues. Ainda no sexto mês de gestação da mãe Layane Ramos Lima, 29, veio ao mundo no Hospital Márcio Cunha pesando apenas 625 gramas e com pequenos 32 centímetros, bem abaixo dos 3 kg, em média, das crianças que nascem com 39 semanas de gestação. Prematura ao extremo, Júlia começava aí uma grande luta pela vida, cujas batalhas travadas desde o Centro Obstétrico, passando pela UTI Neonatal até a Enfermaria de Cuidados Intermediários acabam de alcançar a tão sonhada vitória. Depois de 80 dias, mãe e filha deixaram o hospital saudáveis e prontas para seguir a vida em casa.
A importância do pré-natal
O pré-natal de Layane teve um papel fundamental para a sua saúde e a da sua filha Júlia. “Com o pré-natal é possível prevenir e detectar, precocemente patologias e doenças do feto e maternas. Deve ser inicializado assim que a gravidez for diagnosticada. Recomenda-se que sejam realizadas, no mínimo, seis consultas de pré-natal durante a gestação, contribuindo para o sucesso da gravidez e um parto sem riscos”, explica o ginecologista e obstetra do HMC, Anderson Azevedo Andrade.
A história delas é semelhante a de muitas que chegam ao Hospital Márcio Cunha para receber assistência materno-infantil completa. Foi em um pré-natal de rotina que Layane descobriu que sua pressão estava em 22 por 18. Encaminhada rapidamente ao Pronto-Socorro, foi internada com o diagnóstico de pré-eclâmpsia, hipertensão arterial específica da gravidez e que pode evoluir para a eclâmpsia, uma forma grave da doença por pôr em risco a vida da mãe e do feto.
A jovem mãe recebeu a assistência médica especializada nas três semanas finais da gestação, com ultrassons realizados a cada dois dias para acompanhar o desenvolvimento do bebê e o momento preciso para o parto. “Um dos motivos principais da criança ter sobrevivido é que os médicos obstetras mantiveram a criança dentro do útero da mãe até o limite que ela podia esperar para nascer. O tempo que ela ficou dentro da barriga da mãe contribuiu para o amadurecimento dos seus pulmões e dos seus vasos cerebrais. A decisão para realizar o parto é tomada em conjunto pela equipe pediátrica e obstetra. Assim, temos o cuidado tanto com a mãe quanto com a filha”, destaca o médico pediatra, Marcus Vinícius Alvim de Oliveira.
Desde o nascimento prematuro no dia 4 de junho, Júlia continuou sua formação, agora fora do útero, na UTI Neonatal, ao lado de uma turma multiprofissional pra lá de especial e eficiente. São médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, fisioterapeutas e fonoaudiólogos que, auxiliados por incubadoras, berços aquecidos, monitores de pressão arterial e de sinais vitais, respiradores, entre outros equipamentos, garantem diariamente o suporte necessário a bebês prematuros com dificuldades respiratórias, no tratamento de doenças graves e na recuperação cirúrgica dos pacientes. “Nossa equipe trabalha com dedicação e compromisso, para não só salvar vidas, mas, sim, salvar vidas com qualidade para integrar a criança à sua família em boas condições de convívio na sociedade”, ressalta Marcus Vinícius.
Humanização no dia a dia
Ganhando peso cada dia mais e aprendendo a respirar espontaneamente, sem a ajuda de aparelhos, a evolução de Júlia contou também com a participação diária da mãe e do pai, além das visitas semanais dos avós. A prática adotada pelo Hospital Márcio Cunha durante a internação contribui para a humanização e a recuperação no tratamento. “Durante todo esse tempo, aprendi sobre a importância de simular os movimentos dos braços e das pernas com a Júlia, como se ela ainda estivesse no útero, e estimular o desenvolvimento da sucção e digestão do leite materno. Fiz questão de acompanhar também a hora do banho. Para isso, adaptei minha rotina. Chegava ao hospital às 7h e voltava para casa às 19h. Triste e, ao mesmo tempo, segura de que minha filha estava em boas mãos”, explica a mãe coruja.
Prematuridade
Ter um filho prematuro envolve uma série de desafios e o caminho para casa está entre eles. A apreensão nessas horas é normal. A enfermeira Jussara Cesaria Batista e o pediatra Marcus Vinícius Alvim reforçam a orientação de que pais e cuidadores devem seguir as indicações específicas da equipe responsável pela assistência ao bebê na Maternidade. “Mas isso não significa que seja preciso transformar o ambiente caseiro em uma UTI Neonatal. Se ele recebeu alta hospitalar, é porque suas condições de saúde estão estáveis. O critério para a alta, nesse caso, não é apenas o peso da criança. Ela só costuma ser liberada se já estiver sugando e mamando bem, se a respiração estiver regular e se conseguir manter a própria temperatura”, destacam.
Emocionada e feliz pela recuperação da filha, Layane é grata pela a atenção que tiveram desde o inicio. “Lembro do dia que a enfermeira Jussara veio até a mim e disse que seria feito de tudo para que minha filha sobrevivesse. Foi aí que eu percebi o trabalho maravilhoso da equipe do HMC, tanto aos pacientes que possuem convênio médico quanto àqueles que, como eu, dependem do Sistema Único de Saúde. Sou grata à atenção que tivemos e, principalmente, pelo excelente atendimento”, agradece Layane. “Ser mãe de uma prematura é um presente. Passei a valorizar cada detalhe da vida, cada grama de peso ganha e, mais do que nunca, percebi que a minha força vem dela. Ela é meu milagrinho”.
Fonte: Hospital Márcio Cunha – 08.09.2014