Pesquisadora e ativista indiana coloca crise climática no centro do debate da saúde

Em participação no Conahp 2022, Shweta Narayan falou sobre a vulnerabilidade dos sistemas de saúde em relação ao tema e destacou a importância do setor como disseminador de prevenção e informações confiáveis

Abrindo o segundo dia da versão online do Conahp 2022 nesta terça-feira (8), a indiana Shweta Narayan, pesquisadora e ativista internacional de clima e saúde da Health Care Without Harm (HCWH), destacou que a crise climática global deve ser um assunto central no setor da saúde e apontou a importância dos hospitais como exemplos de construções sustentáveis, em linha com a mitigação dos problemas relacionados ao tema.

Shweta alertou para o fato de todos os sistemas ficarem ameaçados no contexto da crise climática, incluindo água, alimento e a própria economia, que, segundo ela, tem que ser pautada pela saúde. “Quando acontece, por exemplo, as pessoas adoecem e isso afeta os hospitais, que não estão preparados para acontecimentos fora da sazonalidade. Por isso, agir de forma proativa e preventiva é o caminho.” Ela se refere a casos de poluição e enchentes que afetam a saúde respiratória e aumenta a proliferação de doenças transmissíveis, respectivamente, e atinge, principalmente, as populações mais vulneráveis. “Acho que temos um chamado para sermos exemplos.”

A ativista chamou a atenção para que o setor atue como líder nas pautas do clima nas mesas globais de discussão. No entanto, ela ressaltou que, sem os próprios colaboradores entenderem os problemas climáticos, eles não podem ser agentes disseminadores de prevenção, de informações confiáveis, baseadas em evidências, como deveria ser. “Se continuarmos, 70 milhões de pessoas vão morrer por causa de estresse climático até o final do século. O setor da saúde pode salvar pelo menos metade delas se fizer essas ações.”

Ela ainda fez um alerta para a formação dos profissionais. “Nas faculdades, não temos matérias climáticas. Se não aprendemos isso na formação, a gente não entende isso na realidade. Como podemos ser um multiplicador?”, questionou. “A crise climática não é algo do futuro, é cada vez mais frequente.”

Hospitais como exemplo

A pesquisadora apontou ainda como as instituições não sustentáveis podem contribuir para os problemas do clima, paradoxalmente. De acordo com ela, é urgente o planejamento de hospitais mais sustentáveis, que atuem como exemplo, utilize energias renováveis, como a solar, otimizem a utilização de insumos, comprem alimentos de produtores locais e trabalhem para a diminuição da pegada de carbono. “O sistema de saúde contribui com 5% de emissões de gases carbônicos.”

Shweta é parceira do projeto Hospitais Saudáveis, iniciativa brasileira que lidera o estudo de redução da pegada de carbonos nos hospitais e clínicas. “Combustíveis fosses são um dos principais fatores de problemas climáticos. Ocasionam 13 mortes por minuto.” São 100 instituições de saúde com inventários anuais. “Não é suficiente, mas não é pouca coisa. E o Brasil aponta como exemplo em vários sentidos.”

Sob o tema “Saúde 2022: a mudança que o Brasil precisa”, o principal congresso na área da saúde no país continua com a programação até 11 de novembro e terá três dias exclusivamente online e dois presenciais, com foco no reencontro e participação de lideranças e tomadores de decisão do setor, incluindo lideranças internacionais.

Fechando o Conahp, Arthur Chioro, ex-ministro da Saúde e membro da transição do governo Lula, fala sobre as perspectivas do setor no para os próximos quatro anos. Para ver toda a programação, clique aqui.

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