Para transformar, inovação em saúde precisa de estratégia

Avanço da tecnologia está entrando na fase exponencial e a liderança do setor tem o desafio de garantir que o movimento traga soluções e cumpra o seu propósito

O último webinar do Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais de abril, realizado no dia 27, trouxe como tema o impacto dos dispositivos e dos softwares médicos para o setor de saúde. O evento fez parte da série de encontros promovido pela Anahp junto com a Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS) e a Saúde Digital Brasil (SDB), que debateu Inovação e Tecnologia.

Felipe Cabral, coordenador do GT Tecnologia e Inovação em Saúde da Anahp e gerente médico de Saúde Digital do Hospital Moinhos de Vento, coordenou o debate e, de início, destacou que o avanço da tecnologia na saúde tem sido exponencial, com softwares e dispositivos cada vez mais sofisticados. Para ele, “nos próximos anos, vamos presenciar uma transformação que o mundo nunca viu”, principalmente por causa da incorporação da inteligência artificial.

Chao Lung Wen, chefe da disciplina de Telemedicina da FMUSP e presidente da Associação e Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde (ABTms/CBTms), previu que, em 2026, muito do que é visto atualmente como futurista já estará empregado no dia a dia da assistência.

Eduardo Cordioli, diretor médico de Obstetrícia do Grupo Santa Joana, conselheiro da Saúde Digital Brasil (SDB) e head de Inovação da Docway, lembrou que, atualmente, 90% dos domicílios brasileiros têm estrutura para se conectar à internet e disse que os gadgets podem ser considerados um “avatar” do médico, já que poderão monitorar a saúde dos pacientes permanentemente. “Existe potencial para levar a saúde digital para todo o Brasil”, declarou.

Chao pontuou, no entanto, que a inovação precisa trazer benefício para ser exponencial. “Tem que estar agregada a uma estratégia e ser feita de modo responsável e estruturante”, ressaltou. E Cordioli resumiu que o papel da tecnologia é solucionar problemas. “O grande segredo é determinar a necessidade e focar no que é necessário resolver. Sem isso, o mais provável é desenvolver uma decepção”, afirmou.

Paulo Lopes, especialista em Saúde Digital na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), secretário geral da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) e conselheiro suplente da Comunidade Científica e Tecnológica do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), completou dizendo que é indispensável garantir a segurança nesse processo de transformação pela tecnologia.

Além disso, destacou Chao, os dispositivos e gadgets devem estar integrados a um contexto. “Um relógio que detecta arritmia sem considerar as circunstâncias pode causar mais confusão e nervosismo do que solução”, exemplificou. Para ele, as ferramentas devem servir para informar e despertar um pensamento que deve ser concluído pelos profissionais de saúde. “Tecnologia não assume responsabilidades”, ensinou.

Lopes acrescentou que a transformação digital também está oferecendo uma nova perspectiva sobre a saúde. “Além de oferecer meios para fazer melhor o que já fazíamos, dá a oportunidade de criar novos modelos assistenciais”, explicou. E, nesse sentido, fez a ressalva de que é necessário cuidar para que esse mar de possibilidades não provoque um aumento da desigualdade assistencial já observada no país. “Não temos infraestrutura para aplicar tudo isso ao sistema de maneira uniforme”, avaliou.

Cordioli concordou, mas lembrou que, mesmo com as dificuldades, o Brasil já tem a maior experiência de teleespecialidades do mundo. “Estamos avançando rápido e temos capacidade para ir bem longe”, garantiu. E Chao destacou a necessidade de uma estratégia de expansão levando em conta as particularidades do SUS e da saúde suplementar. “Assim, vamos permitir que a inovação cumpra o seu propósito, de transformar a assistência em saúde”, finalizou.

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Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais

O debate “O impacto dos dispositivos e dos softwares médicos para o setor de saúde” teve a participação de Chao Lung Wen, chefe da disciplina de Telemedicina da FMUSP e presidente da Associação e Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde (ABTms/CBTms); Eduardo Cordioli, diretor médico de Obstetrícia do Grupo Santa Joana, conselheiro da Saúde Digital Brasil (SDB) e head de Inovação da Docway; e Paulo Lopes, especialista em Saúde Digital na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), secretário geral da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) e conselheiro suplente da Comunidade Científica e Tecnológica do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). A moderação foi feita por Felipe Cabral, coordenador do Grupo de Trabalho Tecnologia e Inovação em Saúde da Anahp e gerente médico de Saúde Digital do Hospital Moinhos de Vento.

O Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais é uma série de eventos on-line, temáticos e gratuitos, que semanalmente, dentro de um mês, reúne especialistas para debates relevantes para o setor saúde. Fique atento aos próximos eventos.

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