A Anahp realizou, nesta quarta-feira (23), o evento online de lançamento do Observatório Anahp 2025, publicação que reúne dados operacionais e assistenciais de hospitais associados, públicos e filantrópicos e traz análises estratégicas sobre o cenário da saúde suplementar no Brasil.
Participaram do encontro:
- Antônio Britto, diretor-executivo da Anahp
- Evelyn Tiburzio, diretora técnica da Anahp
- Ary Ribeiro, diretor-executivo da Elibré Clínica de Saúde Mental
- Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro
- Antônio José Rodrigues Pereira (Tomzé), superintendente do Hospital das Clínicas da FMUSP
O evento contou com uma audiência de 850 pessoas e o debate girou em torno da sustentabilidade hospitalar, dos avanços em eficiência e da importância da análise integrada de dados para decisões estratégicas no setor.
Veja, a seguir, os principais destaques, segundo os especialistas convidados:
Crescimento pressionado por custos e baixa previsibilidade
Apesar do crescimento da receita bruta hospitalar em 2024, que atingiu R$ 66,4 bilhões, os aumentos nas despesas operacionais — como o custo por saída hospitalar, que subiu para R$ 23.563 — evidenciam que os hospitais operam sob pressão crescente. A margem entre receita e despesa vem se estreitando, dificultando investimentos.
“Os hospitais tiveram crescimento de receita, mas também de despesas. E 2025 não será um ano fácil. A responsabilidade financeira e operacional é maior do que nunca” – Antônio Britto, diretor-executivo da Anahp

Com o aumento do índice de glosas para 1,96%, a previsibilidade orçamentária também se torna um desafio adicional para a gestão hospitalar.
Eficiência assistencial em alta, apesar das adversidades
Indicadores como o tempo médio de permanência, que caiu para 3,99 dias, e a taxa de ocupação operacional, que subiu para 78,97%, apontam uma resposta eficiente das instituições hospitalares mesmo diante de limitações orçamentárias e de equipe. Além disso, a mortalidade operatória apresentou queda consolidada ao longo dos últimos ciclos.

“Os dados mostram os hospitais mais eficientes. Isso reflete um esforço contínuo de gestão, mesmo diante de limitações.” – Evelyn Tiburzio, diretora técnica da Anahp
Esses números confirmam que os hospitais vêm conseguindo melhorar o desempenho clínico-operacional com estratégias centradas em processos e protocolos.
Subfinanciamento segue como gargalo estrutural
A escassez de recursos permanece como um dos principais entraves ao crescimento sustentável do setor. A elevação de custos, somada à limitação das fontes de financiamento, compromete a capacidade de resposta da rede privada e pressiona o sistema como um todo.
“Estamos todos operando no limite, e a integração dos sistemas público e privado pode ser um caminho para melhorar a alocação de recursos” – Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro

O relatório traz análises que mostram como a diferença entre receitas e despesas tem se mantido em patamares apertados, o que reforça a urgência de novos modelos de remuneração.
Da cultura da informação à transformação digital
A adoção de prontuário eletrônico por 93,69% dos hospitais associados à Anahp é um marco que indica maturidade crescente em tecnologia. O uso de ferramentas de apoio à decisão clínica — como inteligência artificial e interoperabilidade — foi apontado como caminho para reduzir desperdícios e aumentar a previsibilidade clínica.

“A transformação digital só avança quando vira cultura. E isso exige uma decisão institucional: ou se escolhe o caminho dos dados ou se corre o risco de repetir ineficiências.” –Tomzé, superintendente do HCFMUSP
Leitura integrada dos dados amplia visão estratégica
O Observatório não deve ser visto apenas como uma coleção de gráficos, mas como um instrumento para diagnósticos sistêmicos. A análise integrada de indicadores permite decisões mais assertivas sobre investimentos, qualidade e eficiência.
“O dado é o caminho para a mudança. Quem não tem cultura de dado, vai ter mais dificuldade para melhorar.” – Ary Ribeiro

Com 265 indicadores monitorados, a publicação se consolida como uma bússola para líderes hospitalares que buscam navegar em meio à complexidade da saúde suplementar.