O impacto das novas tecnologias para o setor de saúde

Dados dos pacientes estão cada vez mais disponíveis e é preciso aproveitá-los para melhorar os tratamentos

Novas tecnologias vêm como avalanche em todos os setores profissionais e da vida moderna. Daniel Kraft, fundador e presidente de Medicina Exponencial da Faculty Chair for Medicine, da Singularity University comandou a plenária “O papel da tecnologia e da inovação para os sistemas de saúde que entregam valor para o paciente: tendências e desafios”. O painel teve ainda a participação do moderador Mohamed Parrini, presidente da Comissão Científica do Conahp 2019 e CEO do Hospital Moinhos de Vento.

“Nanotecnologia, big data, blockchain… Todas essas tecnologias estão disponíveis e existe uma convergência entre elas. Jovens em suas garagens podem mesclar as tecnologias e apresentar novas soluções para os desafios no Brasil e no mundo inteiro, incluindo questões globais de saúde, os custos, o acesso a quem está fora dos grandes centros urbanos”, declarou Kraft. Segundo o palestrante, há um excesso de informações e o setor de saúde ainda não sabe como trabalhar esses dados para que sejam úteis e plenamente aproveitados. “Sei que o grande problema na saúde pública brasileira é o tempo de espera, demora-se muito para conseguir uma consulta. A tecnologia virá para podermos trabalhar questões como essa.”

Ele lembrou que o mundo está mudando muito. “Vemos disrupção em todos os lugares. Antes pedíamos táxis e o Uber surgiu inovando, conectou os pontos e não precisou ter nenhum veículo em sua frota. Daqui a pouco vamos ter Uber que não precisa de motorista, serão veículos autônomos, imagine o impacto que isso terá na saúde. No Japão já existe o Uber Health, em que você aperta um botão e o carro te leva direto para o hospital. O Google sabe onde a pessoa está, pode dar as diretrizes do melhor hospital a ir de acordo com as necessidades médicas. Hoje o médico pode ir até o paciente pelo computador, a Amazon está fazendo entrega de medicamentos e daqui a uns dois anos vamos ver a entrega de medicamentos através de drones”, exemplificou.

Para o palestrante, é importante não só inovar, mas acompanhar os movimentos do mercado. “A Kodak criou a fotografia digital, mas entrou em falência justamente em decorrência disso. Você tem que ser a pessoa que vai fazer a disrupção e não a que vai sofrer pela mudança do mercado”, frisou.

Kraft deu exemplos da Internet das Coisas (IoT) impactando a área de saúde. “Hoje já é possível monitorar por pulseira com mecanismo de GPS pessoas doentes para saber se estão conseguindo se locomover. Balanças modernas medem massa magra, percentual de gordura, tudo isso vai entrar para a ficha médica do paciente. Usando a pulseira de monitoramento, há dispositivos que podem medir a pressão arterial em tempo real e passar informações imediatamente, ajudando a cuidar de muitas doenças. Existem até mesmo dispositivos que podem ficar embaixo de uma lente de contato e medir índices de potássio, de açúcar. É a saúde quantificada”, contou, complementando que, no futuro, todo cuidado de saúde será baseado na capacidade de medir dados do corpo humano.

Há também dispositivos invisíveis, como uma câmera pequena que pode observar o batimento cardíaco. “Dispositivos que medem expressões faciais, para entender como está o humor, analisam o timbre da voz para detectar sinal de doença de Parkinson ou um problema cardíaco. Médicos e enfermeiros estão sobrecarregados de digitar prontuários médicos, ou seja, a tecnologia vem para melhorar a experiência do clínico”.

Kraft alerta que para aplicar os diversos dispositivos é importante entender as diferentes gerações para definir uma abordagem equilibrada e saber qual paciente receberá determinado tipo de informação. “Uma nova solução pode não funcionar para todo mundo”, disse.

Para encerrar sua apresentação, ele questionou: “O que vamos fazer com tanta informação? Não precisamos somente de inteligência artificial, mas de investimento em biotecnologia para inteligência aumentada. O futuro da medicina não é uma única tecnologia, mas trabalhar com todas essas e combiná-las de forma inteligente”, afirmou, concluindo que “a melhor forma de prever o futuro é criar este futuro.”

Compartilhe

Você também pode gostar: