Mandetta acredita que o evento – que reuniu 4 mil profissionais do segmento hospitalar – é essencial para a oxigenação do sistema público e privado
O Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defendeu que a cobertura do SUS (Sistema Único de Saúde) deve ser ampliada e garantir cobertura a toda população brasileira. No entanto, foi enfático em alertar que “não dá para o sistema atender tudo em todos os municípios”. A declaração foi dada durante o encerramento do Conahp (Congresso Nacional de Hospitais Privados), nesta quinta-feira (28), em São Paulo, evento de três dias organizado pela Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados) e que reuniu 4 mil profissionais do setor hospitalar.
Mandetta fez uma análise histórica do sistema de saúde brasileiro. Segundo ministro, o SUS, que é o maior sistema de saúde do mundo, está diante de um desafio: “o que temos de possibilidade versus a inventividade e trazer isso para dar escala. A escala é a filha querida do sistema de saúde”, afirmou. O ministro ressaltou ainda que ao promulgar a Constituição de 1988, o Brasil fez uma decisão como povo. “Rompemos com quase 500 anos de modelo de sistema de saúde e ali nasceu o maior desafio. Ali dissemos para cada um de nós que vamos dar acesso equânime para todos. Estamos todos no mesmo barco que navega linhas muitas vezes confusas, em que escreveram que nosso sistema deve ser primeiro público, filantrópico e, por último, privado. Isso fez com que o privado se distanciasse”, afirmou.
Para o ministro da Saúde, o debate deve acontecer no Congresso Nacional: “como o sistema pode coexistir e se autorregular a ponto de termos qualidade, acesso e escala?”, questionou. Mandetta elencou uma série de pontos que o país precisa resolver. “Como fazer os municípios entenderem que não dá pra fazer tudo em cada município?” Ele explicou que alguns fundamentos passaram a ser questionados. “Tudo que vai ter de bom em tecnologia, o que
vamos disponibilizar para as pessoas? Nada disso será possível se não partirmos da atenção primária. 2019 foi o ano da atenção primária no Ministério da Saúde”, revelou.
O ministro disse que não é possível administrar sem medir e, por isso, o pagamento passa a ser por indicadores de saúde. “Sem métrica não há gestão. É preciso reconhecer o mérito de quem faz. É preciso deixar claro o que se espera e premiar quem faz bem”, explicou, ressaltando que os agentes de saúde serão capacitados pela enfermagem para que possam fazer pequenos testes e adiantar o diagnóstico. “2020 será o ano da medicina especializada”, declarou.
Mandetta disse ainda que o país será repensado. “Como fazer diagnósticos, onde ter unidades hospitalares, como tratar um país que envelhece. As doenças degenerativas serão o grande vilão”, relatou. O ministro disse ainda que o sistema não pode fechar os olhos para o desfecho clínico. “Não é mais entendido que as UTI’s sejam locais de pessoas de 80, 90 anos. É preciso ter oportunidade de tratamento dentro do que é ético, do bom uso da tecnologia. O hospital que tiver bom resultado deve ser valorizado. “Não é possível o país tratar todos iguais e um médico recém-formado ter sua curva de aprendizado às custas de um sistema. Temos que enfrentar esses e outros desafios. Torturar números não é o melhor caminho para um país que quer ter um sistema de saúde eficiente.
O ministro disse ainda que o SUS é o maior plano de saúde do mundo. “Temos muitos motivos para acreditar que esse é o caminho. A ONU, junto com o G20, lançou o desafio da década que é o mundo ter sistemas de saúde com coberturas de saúde universais”, disse. Mandetta reforçou a importância do Conahp para o setor e disse que “há uma carência de informações no sistema, que congressos como este ajudam a suprir”. O ministro afirmou que a mostra de novas tecnologias e experiências exitosas, em território nacional e internacional, são essenciais para que haja a difusão de conhecimento em prol da melhora da saúde brasileira como um todo.