Estado vem se consolidando em cirurgias de transplante cardíaco e mais de 100 pacientes já contam com um novo coração
O Meridional Cariacica realizou seu centésimo transplante cardíaco no dia 21 de março. O transplantado foi um homem, de 42 anos, que sofria de insuficiência cardíaca avançada, condição refratária a todas as terapias adotadas, que faz com que o paciente necessite de transplante cardíaco. Ele aguardava o órgão desde o início de janeiro e esteve internado por 2 meses no hospital, este ano. A cirurgia foi bem-sucedida e ele se encontra em ótima recuperação.
O cirurgião cardiovascular e coordenador do setor de transplantes cardíacos da Rede Meridional, Melchior Luiz Lima, afirma que esse é um marco que se traduz numa conquista importante para os capixabas e para a equipe de médicos do Meridional Cariacica, que começou a realizar este tipo de cirurgia há 22 anos (em 2013) e, desde então, se destaca nacionalmente no setor.
O especialista enfatiza que o transplante de coração transforma a história dos pacientes de maneira significativa, proporcionando sobrevida prolongada, melhora na qualidade de vida e maior independência funcional. “Com os devidos cuidados, a maioria dos transplantados cardíacos conseguem ter uma vivência longa e produtiva”, afirma o médico.
O trabalho dedicado da Rede Meridional no setor foi relevante para contribuir com a redução da fila de espera. Hoje ela é relativamente pequena, atualmente, 6 pacientes aguardam o transplante cardíaco, dos quais 2 estão internados no Hospital Meridional Cariacica, em maior gravidade clínica.
Para Lima, isso reflete a eficiência do sistema de captação de órgãos, as campanhas de doação de órgãos e a capacitação e estrutura hospitalar adequada. “O sistema estadual de transplantes tem se mostrado capaz de atender à demanda, oferecendo suporte especializado para os pacientes em espera”, confirmou o cardiologista.
História
O marco de 100 transplantes representa um grande avanço e consolidação da instituição como um centro de referência em transplantes cardíacos. Um feito que demonstra, experiência e excelência da equipe médica, aprimoramento da infraestrutura hospitalar, garantindo que a instituição tenha capacitação tecnológica e suporte adequado para procedimentos de alta complexidade e fortalecimento da credibilidade da instituição.
Segundo o cardiologista da Rede Meridional, Héber Souza Melo Silva, esta conquista tem um significado muito grande. “Os transplantes estão aumentando, em parte, devido a avanços médicos e as doações. Com esta evolução, hoje, salvamos mais vidas e melhoramos a qualidade de vida de nossos pacientes”, diz. Ele conta que apesar do descrédito na competência do Espírito Santo para iniciar um serviço de transplante cardíaco, os médicos da Rede Meridional foram em frente. Cientes da importância desse avanço para a medicina capixaba e para a população, buscaram instituições que já realizavam transplantes no Rio Grande do Sul e em São Paulo, adquirindo conhecimento e experiência por meio de profissionais que já atuavam na área.
Diversos professores contribuíram para a capacitação, ajudando na criação de protocolos e na estruturação do serviço. O esforço resultou no primeiro transplante cardíaco do Espírito Santo, em 2003, marcando o início dessa trajetória.
Desde então, a Rede Meridional manteve seu compromisso com o serviço de transplante cardíaco, buscando constante aprimoramentos e melhorias. Um dos grandes avanços nessa trajetória foi o investimento na capacitação dos profissionais envolvidos, por meio do Programa de Tutoria em Transplante Cardíaco e Doação de Órgãos, realizado entre dezembro de 2015 e agosto de 2018.
Para a cardiologista Daniella Motta, entre os casos emblemáticos dos primeiros transplantes cardíacos realizados pela equipe do Meridional Cariacica está o de Rodrigo Oliveira Jesus, transplantado em junho de 2014. E o de Márcia Conceição do Nascimento, transplantada em 2017, na época com 36 anos. “A trajetória deles exemplifica a eficácia do programa de transplantes e a dedicação da equipe médica na recuperação e acompanhamento pós-operatório. Simboliza, ainda, a importância da doação de órgãos, além de, principalmente, servir de inspiração para outros pacientes na fila de espera”, relembrou.
A médica enfatiza a importância do transplante cardíaco, assim como a necessidade do acompanhamento dos pacientes pós-transplante. “O transplante cardíaco vai além do procedimento cirúrgico. A cirurgia é o início de uma nova vida, que carece de monitoramento intenso, de exames regulares, avaliações médicas periódicas, minuciosas, um cuidado adicional que precisamos ter com o paciente transplantado. Existe todo um trabalho médico e multidisciplinar por trás disso”, reforçou.
O Meridional Cariacica possui um programa estruturado para o acompanhamento dos pacientes transplantados, garantindo um seguimento contínuo e de qualidade. O hospital conta com um setor de ambulatório exclusivo para transplantes, com atendimento médico para transplante renal, hepático, cardíaco, entre outros. “Todos os pacientes, sejam do SUS, ou de convênios, são avaliados no Centro de Transplantes, passam pelo atendimento médico e também multidisciplinar, com avaliação de psicólogo, assistente social, enfermeiro, para que possamos verificar se são possíveis candidatos a serem transplantados. Após a avaliação, o paciente é acompanhado, passa por consultas para análise de exames, e em seguida é colocado em fila de transplante”, explicou.
Quando o paciente é transplantado, todo o tratamento é feito no Centro de Transplantes, incluindo as consultas contínuas e avaliações. “É um local bem organizado e feito para atender exclusivamente a população transplantada. Tão importante quanto transplantar é mantermos esse paciente vivo ao longo dos anos. E para isso temos esse suporte. São vidas que foram transformadas e precisam ser acompanhadas”, conclui Daniella.