A Jornada Digital Anahp 2025 segue sua programação de fevereiro com foco na eficiência operacional. No terceiro encontro do mês, nesta quinta-feira (20), especialistas discutiram estratégias para garantir qualidade, segurança e experiência do paciente sem comprometer a sustentabilidade financeira das instituições de saúde.
Participaram do debate:
- Aline Bastos, diretora assistencial na Rede Primavera Saúde;
- Cláudia Matias, gerente de Qualidade, Segurança do Paciente e Ouvidoria no Vera Cruz Hospital;
- Julianna Sandes, gerente de Qualidade, Segurança e Desfechos Clínicos do Hospital Santa Catarina Paulista.
A moderação foi feita por Helidea Lima, diretora de Qualidade Assistencial da Rede D’Or São Luiz.
Confira os principais destaques do encontro:
Eficiência operacional como estratégia essencial
A busca por qualidade e segurança não pode ser tratada como um custo extra, mas como um diferencial estratégico para a sustentabilidade hospitalar. Para isso, é necessário alinhar essas práticas ao planejamento institucional e envolver a liderança em todos os níveis, além de estruturar modelos assistenciais e protocolos para reduzir desperdícios, padronizar processos e manter a qualidade sem elevar os custos.
NA PRÁTICA
Na Rede Primavera Saúde, a implementação de um modelo assistencial estruturado ajudou a garantir qualidade sem aumentar custos. O modelo coloca o paciente no centro do cuidado e envolve todos os colaboradores na busca por eficiência.

“Quando falamos de qualidade, também estamos falando de custo-efetividade. Esses temas são complementares, não contraditórios. ” – Aline Bastos
Padronização e melhoria contínua
A padronização dos processos hospitalares reduz a variabilidade e melhora os resultados clínicos. O uso de protocolos assistenciais e indicadores de desempenho permite aprimorar práticas e medir impacto na segurança e experiência do paciente.
NA PRÁTICA
O Hospital Santa Catarina Paulista adotou a ciência da melhoria para testar mudanças antes de aplicá-las em larga escala. Pequenos testes controlados (PDSA) permitem corrigir falhas rapidamente, sem gerar impactos negativos nos custos e na qualidade do atendimento.

“Se a qualidade e segurança não estiverem na estratégia da instituição, será difícil obter um atendimento custo-efetivo.” – Julianna Sandes
Experiência do paciente vai além de métricas
A experiência do paciente não se resume a índices de satisfação. Envolve cuidado centrado no paciente, comunicação clara e processos bem estruturados. Equipes engajadas e treinadas impactam diretamente na percepção do atendimento.
NA PRÁTICA
No Vera Cruz Hospital, rounds de liderança e entrevistas com pacientes permitiram ajustes simples, como melhoria na comunicação sobre tempo de espera e organização do fluxo de atendimento, reduzindo queixas e aumentando a satisfação do usuário.

“A experiência do paciente começa antes mesmo do atendimento e depende da clareza nos processos. Ele precisa entender o que está acontecendo e se sentir seguro.”
– Cláudia Matias
Uso de tecnologia para eficiência e segurança
A tecnologia é uma aliada para melhorar segurança, eficiência e experiência do paciente, mas seu uso precisa ser direcionado. Ferramentas como analytics, inteligência artificial e command centers podem otimizar recursos e facilitar a gestão hospitalar.
NA PRÁTICA
1. A Rede D’Or desenvolveu um sistema de monitoramento em tempo real (Command Center) que permite à equipe acompanhar indicadores críticos, como ocupação de leitos e tempos de espera, ajustando fluxos com mais agilidade.
2. A automação da conciliação de contas médicas tem reduzido glosas e problemas financeiros, garantindo maior previsibilidade de receita.

“A área da saúde ainda está atrasada em ferramentas de gestão e TI. Isso gera retrabalho e impacto no custo da operação”. – Helidea Lima
Indicadores e medição de resultados
Monitorar indicadores permite ajustes contínuos na gestão. Além da análise de custos, é fundamental medir desfechos clínicos e impacto na qualidade de vida do paciente, garantindo sustentabilidade.
NA PRÁTICA
No Hospital Santa Catarina Paulista, a equipe de qualidade e segurança revisou seus indicadores para incluir dados de reinternação, tempo de internação e taxa de eventos adversos, garantindo uma visão mais ampla dos desfechos clínicos e impactos financeiros.
“Se eu não medir corretamente, tomo decisões erradas. Gestão eficiente exige monitoramento contínuo.” – Aline Bastos
Cultura de segurança e aprendizado contínuo
A notificação de eventos adversos deve ser incentivada para gerar aprendizado e prevenir falhas. Ambientes com segurança psicológica promovem engajamento da equipe e cultura de melhoria.
NA PRÁTICA
1. O Vera Cruz Hospital implementou um sistema de notificação simplificado e anônimo, aumentando o volume de notificações sem medo de represálias.
2. A liderança do hospital participa ativamente das análises de eventos, garantindo que as mudanças necessárias sejam implementadas.
“Precisamos transformar a cultura do erro em cultura do aprendizado. Quando a equipe se sente segura, a qualidade melhora.” – Claudia Matias
Redução de custos sem comprometer a qualidade
Reduzir custos não significa simplesmente cortar gastos, mas sim buscar eficiência operacional, eliminando desperdícios e otimizando recursos.
NA PRÁTICA
1. No Hospital Santa Catarina Paulista, uma revisão na padronização de materiais levou à substituição de um modelo de curativo por uma opção mais durável e eficaz. Apesar do custo unitário ser maior, o número de trocas foi reduzido, gerando economia e melhorando a segurança do paciente.
2. A troca de um lenço de higiene íntima na UTI resultou na redução da taxa de infecção urinária, impactando positivamente nos custos e na recuperação dos pacientes.
“O custo-efetivo não é gastar menos, mas sim usar melhor os recursos disponíveis.” – Julianna Sandes
O que dizem os especialistas?
O debate reforçou que garantir qualidade, segurança e experiência do paciente de forma custo-efetiva depende de planejamento, tecnologia, cultura organizacional e monitoramento de indicadores. Os hospitais que investem em processos padronizados, ciência da melhoria e engajamento da equipe conseguem reduzir desperdícios sem comprometer a qualidade do atendimento.
O caminho para um modelo de saúde sustentável exige gestão eficiente, transparência e aprendizado contínuo, garantindo que os recursos sejam utilizados de forma inteligente e que o paciente seja sempre o foco das decisões institucionais.
Assista à íntegra do debate:
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