Jornada Digital: O desafio de formar profissionais para enfrentar crise de liderança na saúde

Hospitais buscam preparar líderes para as transformações na saúde alinhando propósitos e oferecendo condições adequadas para o desenvolvimento das competências necessárias

Nesta quinta-feira (27), aconteceu a última edição do Anahp Ao Vivo – Jornada Digital de junho, que abordou os desafios das lideranças na saúde. O encontrou reuniu especialistas para debater o tema “Como preparar líderes para gerir melhores práticas nas instituições”, assunto de grande relevância revelado pela alta adesão dos convidados: mais de 720 pessoas participaram online. Na opinião de Priscila Rosseto, gerente executiva de Qualidade, Segurança e Práticas Assistenciais da BP, “estamos vivendo uma crise financeira e de liderança no setor”.

Helidéa Lima, diretora de Qualidade Assistencial da Rede D’Or, concordou que este tem sido um desafio diário, sobretudo porque, em geral, os profissionais de saúde não estão preparados para exercer funções de liderança. E Dario Ferreira, diretor médico corporativo do Grupo Kora Saúde, confirmou: “Como médico, chegamos na gestão sem entender nada de nada”.

Segundo Lima, esta questão está além da falta de competências técnicas. “Precisamos adquirir a perspectiva de que nós [profissionais que atuam no setor hospitalar] temos um papel maior no propósito de cuidar do paciente, e todas as áreas da instituição devem entender o negócio da prestação de serviço”, afirmou a diretora.

Eduardo Darzé, diretor geral do Hospital Cárdio Pulmonar, seguiu na mesma linha e reforçou que existe uma necessidade de alinhamento estratégico e conceitual entre o hospital e seus líderes. “As pessoas precisam compreender o que está em jogo”, argumentou.

Neste contexto, o diretor de Operações Médicas do Hospital Israelita Albert Einstein, Paulo Zimmer, acrescentou que é indispensável comunicar as dificuldades do cenário atual e os planos da organização para a equipe. “Principalmente levar esclarecimento às lideranças intermediárias, responsáveis por traduzir as mudanças para a linha de frente. Porque, sem entender o que está acontecendo, a linha de frente não consegue entregar o resultado esperado”, resumiu.

Por isso, atuar para desenvolver a visão sistêmica dos líderes é fundamental. “Não dá mais para olhar experiência, custo e desfecho de formas separadas; é preciso considerar que a qualidade tem muitas outras dimensões além da segurança. As lideranças têm que tomar decisões sob essa perspectiva para não resolver um problema urgente criando outros mais graves para o futuro”, exemplificou Rosseto.

Como se não bastasse a natureza complexa da saúde por si só, há também que se considerar as transformações pelas quais o setor tem passado. E, para Zimmer, este é só o começo. “As mudanças que estão por vir, principalmente avanços tecnológicos, vão trazer impactos mais profundos e mais rápidos para a assistência. O setor vai precisar ser reinventado, com a reorganização dos sistemas, das ações e dos profissionais”, antecipou. Ele citou, por exemplo, inovações como a terapia gênica e a IA, que devem revolucionar grande parte do que está sendo feito atualmente.

Nesse ambiente, colocou Darzé, mais do que nunca é necessário formar e engajar, pois a falta de capacidade de gestão deve causar consequências cada vez mais graves. “Um profissional mal preparado na posição de liderança oferece um potencial de danos enorme”, advertiu. Ao mesmo tempo, completou, é preciso oferecer condições para o desenvolvimento pessoal. “Não adianta atrair e formar os melhores se a organização é incapaz de garantir segurança psicológica para as pessoas. Nada funciona em um ambiente tóxico”, finalizou.

Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais

O debate “Como preparar líderes para gerir melhores práticas nas instituições de saúde” teve a participação de Dario Ferreira, diretor médico corporativo do Grupo Kora Saúde, Eduardo Darzé, diretor geral do Hospital Cárdio Pulmonar, Paulo Zimmer, diretor de Operações Médicas do Hospital Israelita Albert Einstein, e Priscila Rosseto, gerente executiva de Qualidade, Segurança e Práticas Assistenciais da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. A moderação foi feita por Helidéa Lima, diretora de Qualidade Assistencial da Rede D’Or.

O Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais volta em agosto e, em breve, será divulgada a programação.

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