O terceiro encontro da Jornada Digital Anahp de abril – que está abordando a formação, o desenvolvimento e a atuação das lideranças no setor de saúde – aconteceu nesta quinta-feira (17) e teve como tema “Estratégias inovadoras no desenvolvimento de lideranças na saúde”.
O evento reuniu representantes de instituições hospitalares que têm apostado em modelos criativos e intencionais para formar líderes conectados com a cultura organizacional, capazes de promover segurança, protagonismo e transformação em seus times.
Participaram do encontro:
- Fernando Torelly, CEO do Hcor, presidente da Associação Voluntários da Saúde e conselheiro da Anahp
- Daniely Zaranza, Head de Recursos Humanos no Hospital Santa Marta
- Kátia Magni, diretora-executiva e fundadora da 3Up Talentos
- Moderação: Lorena Morelato, diretora de Gente e Gestão da Kora Saúde
Confira os principais pontos:
Liderança como base da cultura organizacional
O debate começou com um consenso: não existe transformação real sem liderança presente, intencional e alinhada com os valores da instituição. Mais do que cargo, liderar é traduzir a cultura no dia a dia.
NA PRÁTICA
Garantir que os líderes sejam formados e avaliados com base em comportamentos e atitudes, não apenas em competências técnicas. No Hcor, o próprio CEO conduz entrevistas de desligamento regulares e, em comitês trimestrais, cruza indicadores de clima, turnover e resultados financeiros para ajustar o desenvolvimento e reforçar a vivência dos valores.

“Investir não é investir nas lideranças, é criar uma cultura de gestão onde a liderança invista nela mesma e se sinta adequada ao propósito da instituição.” – Fernando Torelly
A importância da escuta
Desenvolver líderes requer escuta ativa das necessidades reais das equipes. Mais do que conteúdos prontos, é preciso entender o que eles enfrentam, o que sentem falta e como se veem no processo.
NA PRÁTICA
Promover rodas de conversa temáticas, pesquisas de escuta ativa e mapeamento de expectativas antes de desenhar qualquer programa. A 3Up Talentos aplica essa lógica em projetos cocriados com os próprios gestores, aumentando adesão e impacto.

“Quantas vezes no último ano a sua liderança sentou com você para fazer uma conversa de qualidade?” – Kátia Magni
O papel das lideranças intermediárias
As lideranças do “meio” sofrem pressão dupla: traduzem a estratégia da alta gestão e, ao mesmo tempo, respondem às necessidades das equipes. Cuidar desse grupo é vital para sustentar a cultura e garantir coerência.
NA PRÁTICA
Oferecer formação continuada e canais de apoio dedicados a esse grupo. No Hospital Santa Marta, encontros periódicos e mentorias internas ajudam a equilibrar pressão com acolhimento — reforçando o papel dessas lideranças como elo entre a alta direção e o time.

“Líderes intermediários precisam de programas de desenvolvimento que reconheçam seu duplo papel.” – Daniely Zaranza
Liderança com segurança psicológica
Ser líder hoje envolve lidar com a própria vulnerabilidade e cultivar relações de confiança. Não basta a técnica: é preciso criar espaços onde as pessoas se sintam seguras para expor ideias e erros.
NA PRÁTICA
Incluir nos programas temas como vulnerabilidade, riscos psicossociais e inteligência emocional, usando dinâmicas de grupo e cases reais para aproximar líderes e equipes e fortalecer a cultura de confiança.
“Segurança psicológica é a crença compartilhada de que, nesse time, eu me sinto seguro para colocar as minhas opiniões, para expressar aquilo que eu penso e que eu sinto.” – Kátia Magni
Medir, ajustar e evoluir
Não basta formar líderes pontualmente — é preciso acompanhar o impacto no dia a dia e ajustar continuamente.
NA PRÁTICA
Construir trilhas de desenvolvimento com fases claras, marcos de progresso, escuta estruturada e reavaliações constantes. No Hcor, dados de entrevistas de desligamento, pesquisas de clima e leitura de balanços alimentam ciclos de ajustes baseados em evidências.
“Muitas vezes buscamos desenvolver líderes quando estamos frustrados. Mas se antecipar às frustrações garante um desenvolvimento mais efetivo.” – Daniely Zaranza
Alta liderança em movimento
A transformação cultural só decola quando quem toma as decisões estratégicas também se engaja no processo formativo.
“Mas o que importa, de fato, é que todos esses líderes compartilhem valores e princípios semelhantes.” – Daniely Zaranza
NA PRÁTICA
Incluir CEOs, diretores e superintendentes em programas de formação — com mentorias cruzadas e sessões de escuta — para que eles deem o exemplo e reforcem o compromisso institucional com o desenvolvimento.
Cuidar de quem cuida
Num setor marcado por ritmo intenso e crises constantes, o líder deve ser âncora emocional, mas só consegue sustentar esse papel se tiver suporte adequado.
“Quem trabalha em hospital tem que acordar de manhã muito motivado ou vai ter muita dificuldade de terminar o dia sem ansiedade e depressão.” – Fernando Torelly
NA PRÁTICA
Investir em espaços de apoio e autocuidado para gestores — como supervisão psicológica, coaching executivo e grupos de pares — pois só quem está bem consegue cuidar de quem cuida.
O que dizem os especialistas?
Desenvolver lideranças é responsabilidade de toda a instituição. As experiências do Hcor, do Hospital Santa Marta e da 3Up provam que, com escuta, presença, apoio e consistência, é possível formar líderes capazes de personificar a cultura, sustentar equipes e, acima de tudo, cuidar de quem cuida. Liderança é, afinal, sobre gente.
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