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Estudo conduzido no Hospital Moinhos de Vento aponta necessidade de reavaliação em hospitalizações de pacientes com esclerose múltipla em surto

Pesquisa liderada por especialista do hospital defende tratamento em caráter ambulatorial

Apesar da redução das taxas de hospitalização de pacientes que sofrem de esclerose múltipla (EM) verificada nas últimas décadas, o índice é alto se comparado às internações da população em geral. Estudo desenvolvido pelas neurologistas do Núcleo de Esclerose Múltipla e Doenças Desmielinizantes do Hospital Moinhos de Vento Maria Cecília Aragon de Vecino e Stephanie Jauquin de Abreu confirmou o elevado número de hospitalizações nessa população e sugere que a prática seja reavaliada. O objetivo é aumentar a qualidade de vida desses pacientes, considerando a realização de procedimento para tratamento de surto de caráter ambulatorial.

“Podemos trabalhar com esclerose múltipla quase 100% em nível ambulatorial. Esse é o modelo de cuidado e de atenção que a gente propõe de forma a impactar na vida dos pacientes da menor forma possível. São pacientes crônicos, sem cura e que possuem uma maior proximidade com o neurologista, mas é preciso mudar a forma de atender esse público, evitando a a hospitalização”, defende Maria Cecília.

O estudo, apresentado em formato de artigo científico no Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (JAFF), envolveu pacientes atendidos em ambulatório especializado em doenças desmielinizantes, admitidos no período de janeiro de 2014 a agosto de 2020, todos com diagnóstico confirmado de esclerose múltipla. Ao todo, foram analisadas 332 hospitalizações no Hospital Moinhos de Vento, envolvendo 153 pacientes e resultando em uma média de 2.16 hospitalizações por paciente, sendo a maioria mulheres (75%), com média de idade de 42,3 anos.

Além disso, a maioria dos pacientes possuía episódios de exacerbação da doença seguidos de recuperação, com curso clínico comprometido ao longo do tempo. Aproximadamente 44% dos casos tinham sofrido surto da doença no último ano e não estavam em uso de medicamentos modificadores da doença, devido à falta de acompanhamento e/ou atraso devido à solicitação judicial.

“Estudos como esse têm o objetivo de otimizar o tempo de internação e reduzir a exposição dos pacientes ao ambiente hospitalar, além de direcionar de forma mais precisa e eficiente os recursos econômicos para o manejo adequado dos casos”, esclarece Maria Cecília. A especialista acrescenta ainda que iniciativas como essa também visam melhorar a qualidade de vida dos pacientes, minimizando os efeitos negativos da doença e promovendo uma abordagem mais eficiente e direcionada ao tratamento da esclerose múltipla.

A esclerose múltipla

Ainda pouco conhecida pela população, a esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica e autoimune que atinge cerca de 40 mil brasileiros, de acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM). Apesar de muitos acreditarem que a enfermidade acomete a população mais idosa, ela é comum em jovens, com seu auge entre os 20 e os 40 anos, e pode inclusive se manifestar na infância. Atinge mais mulheres do que homens, especialmente em função do fator hormonal.

A doença se manifesta por meio de diversos sintomas e sinais, podendo ser diferentes, dependendo das áreas afetadas pelo acometimento, indo desde alterações de sensibilidade, até perdas de visão e equilíbrio, por exemplo. A maioria consegue levar uma vida normal, sem redução da expectativa de vida, desde que siga corretamente o tratamento.

Fonte: Hospital Moinhos de Vento

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