Especialistas debatem incentivos para estimular a entrega de valor conjunta entre players do setor

Discussão sobre modelos assistenciais baseados em valor contou com a presença de representantes da ANS, Anvisa, Medtronic, HCor, Mater Dei e Mãe de Deus

No segundo dia do Conahp 2019, o debate “Como propor modelos assistenciais baseados em valor: gatilhos e incentivos para convergir os interesses entre os players do setor”, foi comandado por Jason Arora, diretor de Saúde Baseada em Valor na Medtronic da América Latina.

Os debatedores participantes foram: Alessandra Bastos Soares, diretora da segunda diretoria da Anvisa; Fernando Waldemar, diretor médico do Hospital Mãe de Deus; José Henrique Salvador, diretor de Operações do Hospital Mater Dei; e Leandro Fonseca, diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); sob moderação de Fernando Torelly, sucessor do CEO do Hospital do Coração – Hcor.

Torelly abriu o painel ressaltando a importância do debate, já que as ações em busca de valor são do interesse dos diversos players do setor. “Médicos, operadoras, todos convergindo para beneficiar o paciente”.

Jason Arora, palestrante internacional, reforçou que a troca de experiências com outros países é um caminho deu sua visão do cuidado da saúde baseado no valor. “Fui convidado pelo fato de entendermos que o valor é uma questão interessante para todos nós. Seja fonte pagadora, hospital, médico, principalmente se for paciente, precisamos falar de valor. Temos que compartilhar experiências internacionais para entregar os melhores serviços em todo o planeta, pois todo mundo vai ficar doente uma hora ou outra”.

Ele apresentou novas tecnologias médicas que contribuem para a evolução dos serviços. “O que estamos propondo é que deveríamos ter um alinhamento entre aquilo que estamos oferecendo como tecnologia e as demandas de quem as utiliza, o hospital, por exemplo. Temos que entregar valor. Os recursos são limitados, mas podem ser melhorados se tiverem desfechos mais críticos. Uma fonte pagadora pode pagar mais se começar a perceber mais valor na prestação do serviço”, disse Jason. “A tecnologia e a infraestrutura na medicina são sempre pontos nevrálgicos em todo o mundo, mas precisaremos trabalhar melhor os recursos para termos resultados melhores”.

Há importantes ações que precisam de pouco investimento e fazem a diferença. “Paciente atendido corretamente, com a tecnologia certa e no momento apropriado. É importante mexer no modelo de pagamento dos profissionais da medicina para contribuir com essa revolução de comportamento, assim, realmente focarmos no valor. A ideia é ter um modelo de compartilhamento de riscos e de resultados”.

O monitoramento de pacientes por dados originados de tecnologias e dispositivos móveis devem contribuir para a evolução da medicina e o tratamento personalizado para cada paciente. “Para avançarmos precisamos gerar dados de valor que sejam padronizados e transparentes”, ressaltou.

Nos debates, José Henrique Salvador, frisou que é importante trabalhar para não deixar que o conceito de valor caia na vala comum. “Temos que implantar isso operacionalmente em nossos hospitais”.

Fernando Waldemar completou lembrando que o setor tem falado muito em escutar o cliente. “Importante trazer uma visão de diretor médico que tem esse desafio de construir com seu corpo clínico este novo cenário, agregar resultados com foco no paciente”.

Alessandra Bastos Soares, da Anvisa, apontou a necessidade da união do setor para esse novo momento. “Precisamos que vocês nos ajudem a construir esse novo modelo. Temos convidado para a discussão da construção de normas os players que são interessados no assunto. Quando eu falo de medicamentos tem sim a ver com o trabalho que vocês, profissionais da saúde, entregam. Legislar para o setor produtivo que vai atendê-los é complexo”.

Leandro Fonseca defendeu que estabelecer um diálogo colaborativo entre empresas contratantes de planos e operadoras, e criar uma visão de futuro compartilhada estão entre as metas de sua gestão na ANS. “Os contratantes são os verdadeiros pagantes desse sistema. Qualquer que seja o modelo assistencial, esse ator é relevante em um processo de mudança para um modelo mais sustentável e mais engaja em prol do paciente”.

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