Este conteúdo é de autoria de um hospital associado à Anahp

Especialista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz participa de estudo que pode revolucionar o controle da pressão arterial e reduzir doenças cardiovasculares

Prof. Dr. Álvaro Avezum afirma que toda sociedade deve se envolver para melhorar essa condição de saúde que afeta boa parte da população

Para se obter um avanço significativo no combate à hipertensão arterial, uma abordagem com a atuação de diferentes áreas da sociedade pode ser a solução. Um estudo publicado na Oxford University Press, pela American Journal of Hypertension, em abril deste ano, com a autoria do Prof. Dr. Álvaro Avezum, Head do Centro Especializado em Cardiologia e Diretor do Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, descreve como um pacote de soluções pode impactar a saúde populacional na cidade de São Paulo, quase que triplicando as taxas de controle de hipertensão arterial, fator de risco mais importante para prevenção de acidente vascular cerebral, e importante fator associado com infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca.

A iniciativa, conhecida como CARDIO4Cities, tem como objetivo transformar o panorama do tratamento da hipertensão arterial e pode ser aplicada não apenas na capital paulista, mas também em outras cidades do Brasil e do mundo. 

De acordo com a publicação, a hipertensão arterial é uma das condições de saúde mais prevalentes no Brasil, afetando entre 45% e 50% da população adulta. A condição está fortemente ligada a fatores como sedentarismo, alimentação inadequada e estresse, e pode levar a graves complicações como infartos, AVCs e insuficiência cardíaca.

Apesar da disponibilidade de medicamentos eficazes e o conhecimento sobre o diagnóstico da hipertensão, apenas de 10% a 20% dos pacientes têm a pressão arterial adequadamente controlada, afirmou Avezum.

Segundo o especialista, o desafio que envolve a hipertensão arterial é multifatorial e está relacionada com a falta de adesão ao tratamento, barreiras na comunicação entre pacientes e médicos, e limitações no sistema de saúde.

No estudo, realizado entre outubro de 2017 e dezembro de 2021, com análise de 11.406 registros de pacientes, sob a liderança das autoridades municipais de saúde, com cooperação de Fundação Novartis, American Heart Association, SOCESP, Instituto Tellus, foram implementadas nove soluções inovadoras em toda a cidade, alinhadas com as melhores práticas locais e internacionais.

Os resultados indicaram um aumento significativo de 40% no número de pacientes monitorados, definidos como aqueles que tiveram pelo menos uma aferição de pressão arterial registrada. Além disso, observou-se uma redução na proporção de pacientes diagnosticados entre aqueles com medições disponíveis, de 72% para 53%, e uma diminuição na proporção de pacientes tratados entre os diagnosticados, de 93% para 85%. 

Por outro lado, houve uma melhora considerável na taxa de controle da pressão arterial entre aqueles que estavam em tratamento – cresceu de 16% para 27%.

Somente na zona leste da capital paulista, exemplificou Avezum, o controle da hipertensão triplicou em 15 meses, passando de 12% para 31%. Além disso, houve uma redução significativa nas hospitalizações por AVCs, afirmou.

A metodologia de implementação e os resultados obtidos com o estudo contribuem para o acervo de evidências do mundo real, oferecendo suporte implementação da saúde populacional em qualquer localidade do Brasil.

“Nós fizemos um diagnóstico situacional. São três pilares: o paciente ou a população; o médico e profissionais de saúde; e o sistema de saúde. Com isso, fomos identificar onde estão as barreiras”, explicou Avezum. 

As barreiras identificadas no estudo foram vários aspectos sobre o controle da pressão arterial, afirmou o especialista.

“Tem o caso do paciente que não sabe que é hipertenso, ou o que sabe, mas não toma remédio. Há os casos de o médico não prescrever o medicamento e de o remédio não estar disponível no sistema de saúde quando o paciente procura”, exemplificou o cardiologista.

De acordo com Avezum, por ser multifatorial, o estudo usou a técnica chamada Design Thinking. 

“Design Thinking é uma maneira de cocriar com a sociedade a solução dos potenciais problemas”, acrescentou o especialista.

A estratégia envolveu diversas iniciativas comunitárias, como concursos culturais, parcerias com escolas e eventos em colaboração com clubes de futebol e líderes comunitários. Essas ações tiveram como foco aumentar a conscientização e melhorar a adesão ao tratamento.

“O modelo tem gerado tanto interesse que outras cidades, como Aracaju e áreas do sertão nordestino, estão começando a adotar a mesma abordagem”, afirmou o especialista.

A abordagem CARDIO4Cities é um avanço importante na gestão da hipertensão arterial, ressalta o cardiologista, pois oferece uma solução integrada que vai além da prescrição de medicamentos, engajando a comunidade e aproveitando a tecnologia para alcançar melhores resultados em saúde.

Fonte: Hospital Alemão Oswaldo Cruz

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