No Conahp 2022, referência em estudo de IA falou sobre as mais modernas formas de diagnóstico sem a presença do médico, que deve estar atento ao cuidado enquanto a máquina lê exames
Sob o tema “Medicina profunda: como a inteligência artificial (IA) pode tornar a saúde humana novamente”, o californiano Eric Topol explicou nesta quinta-feira (10), durante o Conahp 2022, como os pacientes podem ser beneficiados com a tecnologia, assim como os médicos, estabelecendo um contato mais humanizados, enquanto as máquinas ajudariam na detecção de doenças. O palestrante participou diretamente dos Estados Unidos, no primeiro dia de congresso presencial, em São Paulo.
Fundador e diretor do Scripps Research Translational Institute e um dos mais influentes nomes da inteligência artificial (IA) aplicada à saúde, o médico cardiologista defendeu que a IA pode e deve ser o futuro da medicina. De acordo com Topol, a tecnologia pode prevenir erros médicos, mesmo os dos mais experientes, uma vez que existem coisas que o olho humano não enxerga. “Nos Estados Unidos, temos dois milhões de erros em diagnósticos por ano, uma pessoa vai passar pelo menos uma vez por um erro ao ano.”
Considerando que cada indivíduo tem uma caraterística diferente quanto ao seu genoma, o especialista ressaltou que a IA pode identificar essas diferenças e prevenir doenças de forma mais exata, como início de câncer, mutações originais e anomalias estruturais. Como exemplo, ele citou um estudo realizado com recém-nascidos. “Sequenciando o genoma no momento do nascimento, é possível identificar e prevenir doenças em menos de 20h após o parto.” O estudo, feito nos EUA e Canadá, ainda não é feito em adultos.
De acordo com ele, apenas com prontuários tradicionais, o profissional não consegue realizar tratamentos “curativos”, além de gastar tempo sem conversar e cuidar do paciente. Por isso, Topol defende a automação. “Aplicativos de celulares, smartwatch e dispositivos desse tipo poderão levar independência ao paciente por meio de aplicativos já disponíveis, que fazem escaneamento de pressão, humor e atividades cardíacas, além de ultrassom.”
Para defender esse “hospital em casa”, o médico citou a pandemia como início do processo de dar ao paciente as ferramentas para promover cuidados básicos. “A telemedicina 2.0 não vai ser apenas uma conversa por vídeo, mas sim por troca de informações, sensoresem casa, como home care.”
Como resultado de tudo isso, quando o paciente visitar um profissional, esse momento será mais duradouro e humanizado, sem que o médico precise escrever prontuários longos em vez de ouvir o paciente. “Nos EUA, uma consulta dura, em média, sete minutos.” Segundo ele, o médico não perderá seu papel para a IA na medida que se adapta a ela.
De acordo com ele, todos têm um celular e uma rede de dados na mão para fazer seus próprios exames e enviá-los para o médico. Talvez essa não seja uma realidade brasileira, mas ele considera, de forma otimista, que “a revolução já está acontecendo agora”.
Topol não deu detalhes sobre os aspectos éticos da IA e sequenciamento de genomas, que ainda estão em alinhamento, mas finalizou destacando que “existem riscos, mas, ao longo do tempo, será a maior transformação da medicina.”