Em novo videocast, Anahp provoca líderes da saúde para saber para onde vai o setor hospitalar

Gestores à frente de grandes instituições da saúde suplementar respondem ao tema da primeira temporada do Anahp Questiona

A saúde suplementar brasileira vive um momento diferente de tudo que já passou e precisa de decisões e ações firmes, mas ao mesmo tempo, com sabedoria para saber a hora de se adaptar e ser flexível diante das mudanças que devem continuar acontecendo. Esse é o mote das respostas dos entrevistados da 1ª Temporada do Anahp Questiona, o novo videocast da Associação Nacional de Hospitais Privados, em parceria com a Bionexo.

A novidade surge para indagar, de forma direta e provocativa, “para onde vai o setor hospitalar?”, tema central que permeia esta temporada de estreia e apresenta 7 episódios, cada um com a participação de uma liderança do setor ou gestor de hospital de excelência, falando sobre criação de grandes redes, verticalização, o futuro dos hospitais independentes, integração público-privada, investimento em tecnologias, judicialização da saúde, entre outros temas.

Para o diretor geral médico do Hospital Sírio-Libanês, Fernando Ganem, um dos entrevistados, hoje está claro que não tem como um hospital ser independente. Segundo ele, o setor precisa passar por uma revisão geral e compreender que, cada vez mais, as parcerias são fundamentais para garantir não apenas a sustentabilidade das instituições, mas também a qualidade da assistência. Sobre o cenário na instituição, Ganem afirmou que há uma decisão de que o Sírio não vai abrir mão de estar na vanguarda, mas estão sendo estudadas parcerias com outras instituições, com operadoras e com fontes pagadoras.

Henrique Salvador, presidente da Rede Mater Dei de Saúde, falou sobre a estratégia de expansão da instituição: “Nós constatamos que o sistema, na ponta dos hospitais, estava se consolidando muito rapidamente e que grandes grupos iriam se formar cada vez mais. Ou nós cresceríamos ou, provavelmente, seríamos incorporados por alguma dessas grandes bandeiras. Então, nos preparamos para abrir o capital e para, a partir desse recurso que entrou, fazer as aquisições”. Salvador acredita que hoje as oportunidades para aquisição de hospitais individuais são muito menores do que foram naquela época, mas a tendência do mercado é, claramente, a formação e consolidação de grandes grupos hospitalares por meio de fusões e aquisições.

Além deste movimento de ampliação das instituições, existem ainda outros modelos de negócio que estão ganhando espaço da saúde suplementar brasileira, como a verticalização, mas as opiniões sobre isso se divergem.

Para o presidente da Bradesco Saúde e Mediservice e da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Manoel Peres a verticalização não é factível em um país das dimensões e da diversidade do Brasil. “A verticalização restringe um pouco a escolha e isso faz com que não atenda os desejos das pessoas. Então, entre verticalização e não verticalização, eu sou mais favorável e acho que têm mais chance de prosperar os serviços que não sejam focados ou que não estejam voltados para a questão da verticalização”, afirmou.

Contudo, na opinião do diretor de Estratégia Corporativa do Grupo Santa Joana e diretor médico do Instituto de Estudo de Políticas de Saúde (IEPS), Paulo Chapchap, do ponto de vista do paciente, o melhor modelo é o verticalizado, porque nele há todos os dados da jornada de saúde da pessoa, ou seja, a instituição pode fazer melhor a gestão. “Você pode fazer prevenção primária e secundária; e o tratamento em tempo para que ele não seja tão complexo e tão custoso”, afirmou o médico, ressaltando que apesar de enxergar como um bom modelo é preciso deixar claro que hoje há uma tendência em não prestar o serviço, criar fila ou não dar o tratamento de alta complexidade. Para ele, é um sistema que no papel é o melhor para o paciente, mas que precisa ser regulado para que não haja abusos de negação de acessos.

Chapchap também reforçou que vivemos num momento que o setor necessita de mudanças como um todo. “Se nós ficarmos parados onde estamos, fazendo as coisas da mesma forma que estamos fazendo, viveremos uma crise muito profunda inclusive com dúvidas sobre a sustentabilidade do sistema como um todo. Eu gostaria de enfatizar que isso envolve o SUS também”, declarou.

Mudanças também são pontos defendidos pelo CEO da Rede Total Care Amil, Anderson Nascimento. Para ele os gestores da saúde precisam assumir seu papel na busca por soluções e estarem atentos aos movimentos do setor para enxergar oportunidades, além de valorizar indicadores, qualidade, desfechos e estarem aberto para o diálogo. Sobre os planos da Rede Total Care Amil, declarou que “a ideia é continuar fazendo o que a Amil sempre fez. Tecnologia aliada a um cuidado próximo, acolhimento e manter o cliente sempre com muito acesso a uma rede ampla, uma rede diferenciada e um atendimento que caiba no bolso do nosso cliente”, disse.

Na visão do CEO da Rede D’Or São Luiz, Paulo Moll, o Brasil precisa de uma estrutura hospitalar melhor e, atualmente, há um desafio ainda maior para as instituições independentes se desenvolverem em um mercado cada vez mais competitivo. Em redes hospitalares, segundo o gestor, há vantagens significativas em relação a custos de operação e do serviço e, por isso, está sempre de olho nas movimentações do setor. “A gente entende que o país precisa de uma infraestrutura hospitalar mais moderna, com escala. Sejam hospitais de rede como o nosso ou mesmo hospitais individualmente. Quando a gente olha, tem uma realidade de um tamanho médio de hospital no Brasil de 60 leitos”, destacou.

Ficar atento às transformações também foi um ponto destacado por Henrique Neves, diretor geral da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Ele disse que nada veio para ficar e que o processo dinâmico da mudança deve continuar acontecendo na saúde. Neste sentido, Neves contou que desde 2015 a instituição investe em big data, novas terapias, saúde digital e atenção primária, mas acredita que o próximo passo será assistência em casa. “Pra mim, a próxima fronteira muito clara é o deslocamento para dentro da residência do paciente. Certamente existe tecnologia disponível hoje e o desenvolvimento da tecnologia da informação agregada à inteligência artificial vai permitir que esse deslocamento aconteça”. O diretor geral também falou que ao incorporar as novas tecnologias temos o dever de fazer os esforços para que elas sejam custo-efetivas e possam ser distribuídas de forma equitativa pela sociedade.


Assista a 1ª temporada completa do Anahp Questiona, com o tema “Para onde vai o setor hospitalar?”

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