Em busca do fortalecimento do sistema de saúde brasileiro

FRANCISCO BALESTRIN
Presidente da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp)

Não há a menor dúvida de que a saúde é uma das atividades econômicas mais importantes no Brasil e no mundo. Mais ainda: é o bem maior de todo cidadão. Com essa certeza, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) considerou a necessidade de desenvolver amplo estudo, a partir de uma visão macropolítica, econômica e social, para propor recomendações que possam contribuir para a sustentabilidade da saúde no Brasil.

Esse trabalho resultou no Livro Branco: Brasil Saúde 2015 – A sustentabilidade do sistema de saúde brasileiro, documento com profunda análise do sistema nacional e de experiências mundiais, com propostas que visam ao aprimoramento da atenção à saúde a partir da atuação integrada entre os setores público e privado, com vista a oferecer uma assistência com maior qualidade e eficiência.

O Livro Branco: Brasil Saúde 2015 é a contribuição cidadã da Anahp, motivada exclusivamente pelo desejo de repensar o sistema de saúde do país e contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento à população brasileira. Por essa razão, já foi entregue a todos os candidatos à Presidência da República no pleito deste ano, além de outros políticos influentes e representantes das entidades do setor.

Para a construção do documento, partimos de propostas que fortaleçam o Sistema Único de Saúde (SUS), como sistema universal e único, e que promovam a coordenação e integração entre todos os setores, seja público ou privado, sem as barreiras ideológicas e institucionais. As recomendações foram pesquisadas, pensadas e amadurecidas durante um ano. Ao oferecê-las aos candidatos à Presidência e a autoridades ligadas ao setor, esperamos contribuir para que as iniciativas integrem planos de governo no futuro próximo e possam ser implementadas em benefício da população brasileira.

Para a sua elaboração, foram entrevistadas mais de 60 personalidades, como autoridades, ministros, ex-ministros, secretários, médicos, empresários, acadêmicos, estudiosos e gestores. Ao todo, foram mais de 1.200 horas dedicadas à pesquisa e pouco mais de 180 reuniões, encontros e visitas técnicas no Brasil e no exterior. Com o envolvimento de equipe de 25 profissionais, os resultados do trabalho foram condensados e compartilhados em dois volumes: o caderno conceitual, com o embasamento necessário para a elaboração de um modelo de saúde mais eficiente, justo e sustentável, e o caderno de propostas, com as recomendações da Anahp para a sustentabilidade do sistema.

Temos certeza de que o SUS é bem concebido, mas faltam recursos, investimentos e gestão profissional. O sistema privado, por seu lado, possui recursos e investimentos, tem gestão, mas falta o modelo assistencial. Ampliar a participação do setor privado na formulação e implantação das políticas nacionais de saúde é importante para melhorar a saúde dos cidadãos, e reduzir as desigualdades. Essas propostas também estão contempladas no Livro Branco, assim como o desenvolvimento de um modelo assistencial integrado com foco no paciente e na continuidade dos cuidados, na criação de um modelo de gestão que favoreça a melhoria contínua, qualidade, segurança, eficiência dos processos e que seja auditável e transparente. 

Dados de 2011 do Banco Mundial mostram que o percentual executado no orçamento federal para programas e ações de saúde foi de 93,9%. A baixa participação do setor público no financiamento do sistema de saúde é compensada por importante investimento privado, que representa 54,3% dos gastos totais em saúde. O setor privado, ao longo dos anos, estabeleceu um modelo ágil e participativo de gestão, voltado para a busca de qualidade e segurança assistencial.

É importante salientar que, nesse estudo, não se fala apenas do setor privado ou público, mas do fortalecimento do que já construímos, reconhecendo que o SUS é sistema único e universal e tem de dar as respostas que o cidadão brasileiro precisa. Os sistemas público e privado, para que sejam bem-sucedidos, têm que trabalhar de forma articulada, seja do ponto de vista do modelo, da estrutura, da organização, seja também do financiamento. O fortalecimento da saúde pública, ao contrário do que se pensa, não traz prejuízos ao setor privado, mas ganhos relevantes para toda a nação.

Fonte: Correio Braziliense – Opinião – 11.08.2014

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