“É necessário excelência e dignidade, não uma meta a ser alcançada”, afirma Elizabeth Teisberg no Conahp 2022

Durante palestra, a americana ressalta que atendimento humanizado, igualitário e acessível muda a jornada de saúde do paciente dentro dos hospitais e desonera o sistema

Fechando o primeiro dia de Conahp presencial, nesta quinta-feira (10), Elizabeth Teisberg, diretora-executiva do Value Institute for Health and Care na Dell Medical School e McCombs School of Business da Universidade do Texas, afirmou que o atendimento de qualidade, baseado nas expectativas do paciente, melhora o resultado do cuidado e a gestão de recursos. “É necessário excelência, respeito, dignidade e não uma meta a ser alcançada. Cuidado com saúde deveria ser sobre saúde. Mas, na maioria dos casos, não é isso”, ressaltou.

De acordo com a americana, as expectativas dos pacientes quando falam com seus médicos está desalinhada com as que falam para seus familiares. “No ambiente clínico, quando doentes ou em fase de cuidado, demostram gratidão, agradecem, enquanto no ambiente familiar e na sociedade relatam incapacidades cognitivas, dificuldades para voltar ao trabalho, prejuízos na convivência social e problemas psicológicos.”

Essa contradição de relatos acontece em decorrência do tipo de medição realizada pelo próprio setor de saúde, que leva em consideração apenas o desfecho clínico e não a opinião do paciente, conforme avaliação de Elizabeth. Essa conclusão é consequência de um estudo com uma amostra de pacientes que passaram por tratamento de câncer de mama, objeto de pesquisa da acadêmica.

Em outro estudo, desta vez com crianças recém-nascidas no Texas, o tratamento de forma humanizada, equitativo, acessivo e inclusivo proporcionou melhoras, inclusive, em bebês que sofriam de condições graves. “Quais serviços são necessários para que essa criança cresça feliz e saudável e não apenas se salve da morte?”, questionou.

Elizabeth ainda defendeu que cuidados voltados para o paciente e sua trajetória como um todo, e não apenas na sua experiência clínica, desonera os hospitais. “Se alguém fizer cirurgia e não se recuperar, é pior para a fonte pagadora, assim como quanto tempo ela permanece. Se a doença não avançar, não será necessário permanecer no hospital”, reiterou a americana, num contexto de críticas sobre cuidados mais individuais, longos e com olhar para o paciente.

“Com relação à equidade, precisamos, inclusive, projetar e organizar o cuidado de acordo com as necessidades de cada um e priorizar quem sofre com as disparidades”, finalizou ela, ressaltando que, após a pandemia, o tema se tornou manchetes e a saúde começou a rever os conceitos de atendimentos uniformes.

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