Debate Estratégico | Mercado brasileiro de saúde: Perspectivas e desafios do setor

CAIO 79786No dia 29 de janeiro, a Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados promoveu um evento especialmente dedicado à indústria farmacêutica, empresas de materiais médico-hospitalares, de serviços e tecnologia para saúde, preocupadas com a compreensão e atendimento das necessidades do setor.

O evento contou a participação do palestrante Caio Megale, Economista do Banco Itaú e Colunista do Valor Econômico, abordando as perspectivas econômicas mundiais e os desafios do cenário econômico brasileiro em 2015. Na sequência, Carlos Figueiredo, Diretor Executivo da Associação, e os Conselheiros da Anahp: Fernando Torelly, Superintendente Executivo do Hospital Moinhos de Vento (RS), Francisco Eustácio Vieira, Diretor-presidente do Hospital Santa Joana (PE), Henrique Neves, Diretor Geral da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein (SP) e Paulo Chapchap, Superintendente de Estratégia Corporativa do Hospital Sírio-Libanês (SP), debateram as oportunidades e necessidades de mudanças no relacionamento entre hospitais e fornecedores.

Panorama mundial
“Todo o mundo está crescendo pouco, exceto os Estados Unidos”, afirma Caio Megale. De acordo com o economista, após a crise de 2008 o país apresenta crescimento considerável e com baixa inflação. “Com esse cenário, há supervalorização do dólar e essa tendência deve prevalecer”, comenta.

O palestrante ainda citou como um dos principais problemas atuais da economia os preços das commodities. “Nos últimos dez anos os preços das commodities triplicaram, o que representou um grande crescimento para o Brasil e outros países da América do Sul. No entanto, essa tendência se reverteu em 2011”, explica.

Economia brasileira
Para Caio, apesar do dinheiro adquirido nos últimos anos, o Brasil fez poucos investimentos e o consumo cresceu acima do restante da economia, especialmente por meio das políticas de estímulo. “Nos últimos quatro anos a indústria parou de crescer, o Produto Interno Bruto (PIB) também parou de crescer, mas o consumo aumentou, provocando desequilíbrio e endividamento das famílias, superávit negativo, aumento do endividamento externo, inflação e aumento de tarifas”, analisa.

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“Hoje, o índice de confiança do empresário no Brasil é muito negativo, especialmente com o mercado de trabalho perdendo força”. Entretanto, o economista pondera que a Presidente Dilma escalou uma equipe de categoria para organizar a situação econômica do Brasil e, passado esse período de ajuste, o país deve voltar a crescer.

Megale ainda citou alguns desafios a serem enfrentados em 2015, como o risco de racionamentos e a interferência negativa da operação lava jato. Segundo o economista, a projeção do PIB para 2015 é negativa e a taxa de desemprego crescente, mas para 2016 o cenário é positivo, com o PIB começando a crescer, a inflação a cair e haverá cortes de juros. “O Brasil ainda é um mercado muito atraente”, afirma.

Para Megale, as projeções para o setor hospitalar também são positivas, principalmente com o envelhecimento populacional e a onda de investimentos estrangeiros, especialmente com a possibilidade de capital estrangeiro na saúde.
 
Talk Show – Relacionamento Hospitais e Parceiros
Para os participantes do talk show, o setor precisa de uma nova dinâmica, mais transparente e participativa.

De acordo com Torelly, é fundamental que seja estabelecido um novo modelo de relacionamento entre hospitais e fornecedores. “Nós temos a obrigação de discutir e constituir parcerias estratégias inteligentes com os nossos fornecedores e mudar essa relação de apenas compra e venda”, explica.

“Vivemos um dos piores momentos na saúde, em que todos os elos da cadeia se encontram insatisfeitos. Isso acontece porque o modelos de relação do setor está errado e precisa ser revisto”, complementa Vieira.

Para Neves, nós não utilizamos a nossa capacidade de otimizar processos. “O trabalho coordenado entre fornecedores e hospitais poderia contribuir significativamente com o setor”, diz.

Para Chapchap, há um trabalho de gestão a ser feito em toda a cadeia da saúde. O executivo citou ainda o risco da má prática empresarial. “Temos que ter um senso de urgência em rever o cenário atual, e este trabalho deve envolver o setor como um todo”, finaliza.

GRAFICO afabc

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