No dia 23 de outubro, das 14h às 16h, o Hospital Santa Paula fará um encontro gratuito com médicas paliativistas e um consultor de Desenvolvimento Humano para tirar dúvidas sobre cuidados paliativos no prédio do Instituto Tomie Ohtake, zona oeste da capital paulista. Para participar, basta fazer a inscrição no site www.santapaula.com.br/eventos.
A ação é uma comemoração ao Dia Mundial de Cuidados Paliativos, lembrado no segundo sábado de outubro, e vai abordar os cuidados paliativos em três pontos de vista: o paciente em fase terminal, o paciente em sofrimento – sem risco de morte – e o familiar.
Para falar de terminalidade, o Hospital Santa Paula convidou médica paliativista referência no setor, Ana Claudia Quintana Arantes, formada em Geriatria e Gerontologia com pós-graduação em Psicologia – Intervenções em Luto. Entre suas publicações estão “A morte é um dia que vale a pena viver” (2016), Manual de Cuidados Paliativos – ANCP (2009 e 2012) e Cuidado Paliativo – CREMESP, (2008). Ana foi responsável pela elaboração e implementação das políticas assistenciais e treinamentos institucionais em Cuidados Paliativos e Terapia da Dor segundo as recomendações da Joint Comission no Hospital Israelita Albert Einstein em 2006. É idealizadora de cursos e eventos sobre a morte para desvendar o tabu do tema, além de trabalhar em consultório particular no atendimento de pacientes na Geriatria, Cuidados Paliativos e Suporte ao Luto.
Sob o ponto de vista do familiar, o consultor Tom Almeida vai falar de sua experiência com conversas sinceras, escuta verdadeira e sem julgamento para auxiliar seu primo a morrer. Uma parte do tratamento foi feito no Hospital Santa Paula e o estimulou a criar o Cineclube da Morte com filmes que tratam da temática.
Para abordar o alívio da dor e sofrimento nas diferentes fases de doenças e de seus tratamentos, a médica Milena Reis, responsável pela área de Cuidados Paliativos no Hospital Santa Paula, vai contar sua experiência com pacientes e treinamento do corpo clínico. A médica é pós-graduada pelo Pallium LatinoAmerica – Oxford University e participou da implementação e coordenação do Programa de Residência Médica de Medicina Paliativa entre os anos de 2011 a 2018 no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Além disso, é tesoureira da Academia Nacional de Cuidados Paliativos e coordenadora da equipe de controle de sintomas e cuidados paliativos do HSP.
Para o presidente do Hospital Santa Paula, George Schahin, “um paciente mais satisfeito e menos deprimido apresenta menos sintomas. Vemos em outros países que muitos indivíduos internados preferem suas casas a hospitais. No Santa Paula, possuímos uma equipe de cuidados paliativos que tem como objetivo proporcionar ao paciente um cuidado que envolve controle da dor, suporte nutricional e conforto térmico, além de acolher seus familiares nos momentos mais difíceis de aceitação dentro e fora do ambiente hospitalar”.
Humanização e acolhimento
O conceito de cuidados paliativos está se ampliando. Antes, o tratamento era entendido como um acompanhamento quando o paciente não tinha alternativa de cura. Agora, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o monitoramento das necessidades do paciente e o acolhimento à sua família devem ser feitos a partir do diagnóstico como parte de uma necessidade humanitária urgente para pessoas com doenças graves.
No Brasil, essas terapias ainda são realidade para poucos. Segundo um estudo da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), há só 177 equipes registradas nos 2,5 mil hospitais brasileiros com mais de 50 leitos.
No Hospital Santa Paula, referência em atendimento de alta complexidade na zona sul da capital paulistana, as ações incluem medidas terapêuticas para o controle dos sintomas físicos, intervenções psicoterapêuticas e apoio espiritual ao paciente que demanda um ritual de fé. Para os familiares, as ações se dividem entre apoio social e psicológico, além de abordagens frequentes sobre o enfrentamento da finitude e luto.
“A área de cuidados paliativos atua no Conceito de Dor Total do indivíduo. Isso contempla as dores física, emocional, social e/ou espiritual. O papel da equipe de cuidados paliativos é assegurar que o paciente passe por este processo da forma menos dolorosa possível, de forma digna e cuidadosa. Isso pode ser desde um paciente em fase final de vida até uma pessoa que não corra risco de morte, mas que enfrente um sofrimento intenso advindo do tratamento ou tenha sua qualidade de vida comprometida”, explica a médica paliativista Milena Reis, líder da área no Hospital Santa Paula.
Uma pessoa que sofre um acidente de carro e tem as pernas amputadas pode não correr risco de morte, mas passa por um período de sofrimento que desestabiliza todas as áreas da vida. A equipe de cuidados paliativos tem um papel fundamental na melhora da qualidade de vida deste paciente, tanto no aspecto físico como no psicológico, no qual o indivíduo precisa lidar com mudanças profundas e dolorosas.
A cantora Aretha Franklin, que faleceu em agosto deste ano, é um exemplo de paciente que recebeu cuidados paliativos ao longo do tratamento da grave doença. Ela foi diagnosticada em 2010 com um câncer de pâncreas neuroendócrino em estágio avançado, um tipo de tumor raro, que evolui lentamente, difícil de ser diagnosticado. Os cuidados, enfocando a qualidade de vida da paciente, e não necessariamente no tempo, ofereceram assistência para Aretha e a família, que sofria com uma doença incurável e tornaram mais leve o período.
O cuidado paliativo trabalha com a afirmação da vida e trata a morte como um evento natural. O objetivo é não acelerar ou retardar este momento, mas oferecer ao indivíduo uma morte digna, no local de sua preferência, auxiliando na resolução dos problemas concentrados no encerramento da vida e na identificação de seu legado. A equipe está apta a identificar as prioridades do paciente neste momento e enfatizar sua participação em atividades prazerosas, como, por exemplo, passar um tempo com seu animalzinho de estimação mesmo quando internado.
Programação:
14h: Boas vindas e palavras do Hospital Santa Paula
14h10: “Cuidados Paliativos: muito antes e além dos cuidados de fim de vida” com Dra. Milena Reis.
14h40: “Onde tudo começou” com Tom Almeida, fundador do movimento inFINITO e do projeto Cineclube da Morte.do projeto Cineclube da Morte.
15h: “A morte é um dia que vale a pena” com Ana Claudia Quintana Arantes, médica paliativista referência no setor.
Serviço:
Bate-papo sobre Cuidados Paliativos
Local: Rooftop 5 (prédio do Instituto Tomie Ohtake)
Endereço: Rua Coropé, 88 – 4º andar – Ballroom – Pinheiros | São Paulo
Capacidade: 250 pessoas
Evento gratuito. Para participar basta fazer a inscrição no site www.santapaula.com.br/eventos.
Organização: Hospital Santa Paula