Conahp discute evoluções para garantir a segurança do paciente nos hospitais

O painel apresentou a importância do investimento nessa área e da atuação conjunta de profissionais e pacientes

Garantir a segurança do paciente nos hospitais foi o tema do debate “A evolução da segurança do paciente após a publicação do relatório ‘To err is human: building a safer health system’, e o impacto na entrega de valor”, no primeiro dia do Conahp 2019.

O painel foi comandado por Pedro Delgado, head of Europe and Latin America do Institute for Healthcare Improvement (IHI), e contou com a participação dos debatedores Rafael Mendonça, coordenador geral de Atenção Hospitalar e Domiciliar do Ministério da Saúde; Salomão Ferreira, diretor presidente executivo do Hospital Márcio Cunha; e Ernandi Palmeira, superintendente assistencial do Hospital Santa Catarina de Blumenau; além do moderador José Mauro, vice-presidente da Comissão Científica do Conahp 2019 e diretor de Qualidade e Segurança do Hospital Sírio-Libanês.

“Pense em alguém que você ame e que teve um problema de saúde, está no hospital. É por isso estamos aqui, nosso foco é nas pessoas, estamos falando de seres humanos sofrendo”, disse o palestrante Pedro Delgado. “De um lado temos o paciente e de outro os profissionais da saúde também enfrentando desafios, pois nunca é fácil lidar com a doença. Temos que centrar na pessoa para dar nosso melhor”.

Pedro explicou que nos últimos anos houve progresso em relação à segurança nos hospitais, mas ainda há muito a fazer. “Olhando para os últimos 50 anos vemos muito progresso, muita iniciativa científica, trabalho colaborativo, trabalho da família, mas ainda há muito a ser feito. Precisamos nos dedicar a construir uma cultura de justiça, de equidade, de contrapartida, de forma que as pessoas aprendam, saibam fazer, mas que também sejam responsabilizadas”.

Segundo ele, a palavra paciente veio justamente da característica de ser paciente, “de sentar e esperar o médico resolver”. “Mas isso mudou, os pacientes precisam ser protagonistas nas ações de cuidados para a saúde, para que possamos evoluir”, enfatizou.

Depois de paciência, vem a resiliência. “Precisamos agir de forma progressiva em núcleos bastante complexos e ter ações pragmáticas. A segurança é primordial e precisa ser prioridade, ser constante, um valor, algo que está no cerne da organização, levando adiante como uma cultura. Aliás, formar cultura também é ação, temos que garantir que as ações estão em conformidade com as palavras”, ressaltou.

Pedro afirmou que é importante celebrar o que está indo bem, as boas práticas realizadas em relação à segurança. “O Dia Mundial da Segurança mostrou muitas ações legais empreendidas por hospitais e serviu de inspiração para outros fazerem o mesmo”.

“Os líderes precisam dedicar uma porção do tempo para trabalhar diretamente com segurança. Essa área será desafiada o tempo todo, pois inspeção em si não funciona, precisamos de um aprendizado contínuo”, garantiu. Para ele, é necessário buscar não somente a segurança do paciente, mas a segurança do funcionário. “Esse aspecto também teve uma evolução fantástica, importantes investimentos para melhorias constantes para que os funcionários possam se empoderar e ter uma segurança imediata”.

Em sua visão, todo o conjunto pode atuar em parceria buscando melhorar a segurança nos hospitais. “Enfermeiros e toda a equipe podem conversar e discorrer a respeito da segurança, e também dar voz ao paciente”.

Durante os debates, o moderador José Mauro revelou preocupação com a participação do paciente nas ações de segurança. “Quando entro em um avião não quero estar preocupado com a segurança, se as turbinas estão funcionando. Da mesma forma, será que temos que pressionar nossos pacientes para que eles sejam parte do cuidado a este ponto? Eles esperam que os profissionais já estejam tomando medidas de segurança”.

Salomão Ferreira defendeu que o paciente pode sim contribuir com a melhoria da segurança. “Se não empoderamos o paciente para ajudar a cuidar da segurança, haverá prejuízo em algum momento”. Para ele, “a expectativa de vida do paciente é crescente e o poder de intervenção também é crescente”. O debatedor afirmou que é preciso aprender com a ciência do “quase erro” para tratar proativamente.

Para Rafael Mendonça, o desafio é grande porém os profissionais em parceria estão avançando para que possam vencer e garantir a segurança dos pacientes nos hospitais. Ernandi Palmeira apontou a tecnologia como auxiliar no processo de desenvolvimento, mas destacou que ela exige ainda mais esforços para atualização. “A forma como a tecnologia está evoluindo nos ajuda, no entanto faz com que precisemos correr muito atrás das inovações”.

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