Segurança psicológica é fundamental para o compartilhamento de informações que garantem o bom desfecho para o paciente
O Anahp Ao Vivo – Jornada Digital que, em agosto, debate o tema “Qualidade e Segurança” em parceria com a Wolters Kluwer, reuniu especialistas na última quinta-feira (17) para falar sobre a importância da comunicação efetiva e segurança psicológica dos colaboradores para o bom desfecho clínico do paciente.
José Branco, fundador e diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Segurança do Paciente, introduziu a discussão ressaltando que, para avançar nessa área, é essencial estabelecer uma cultura de segurança robusta. “Não podemos tratar a segurança como prioridade, pois prioridade a gente muda. Segurança tem que ser valor da instituição”, destacou.
Helidea Lima, coordenadora do GT Melhores Práticas Assistenciais da Anahp e diretora de Qualidade Assistencial da Rede D’Or, acrescentou a cultura justa como outra condição e avaliou que a falta de um diálogo aberto sobre os erros, sobretudo no ambiente hierarquizado da saúde, é um grande obstáculo para a segurança do paciente.
Kelly Cristina Rodrigues, CEO e fundadora da Patient Centricity Consulting, continuou afirmando ser indispensável que os colaboradores se sintam confortáveis para relatar os eventos adversos e as suas causas. “Mas segurança psicológica só acontece quando é uma premissa da organização, se estiver dentro da cultura. E cultura não é a plaquinha da missão, visão e valores que fica na parede, é o que acontece no dia a dia”. Para ela, se a alta liderança não demonstrar isso diariamente com atitudes, é improvável conseguir o engajamento das equipes.
Laura Schiesari, professora da FGV-EAESP e do Hospital Sírio-Libanês, destacou que a dificuldade na comunicação é parte fundamental da questão. “A gente quer resolver rápido e não existem soluções mágicas para esse problema. Antes, precisamos repensar o jeito que nos relacionamos com a sociedade e dentro das nossas organizações também”, explicou. Para ela, é necessário compreender toda a amplitude da comunicação e avaliar como a mensagem pode ser, de fato, eficiente. “A comunicação está em todos os lugares e precisamos ter certeza de que estamos transmitindo o conceito de comunicação efetiva adequadamente”, analisou.
Branco sugeriu evoluir nos modelos de comunicação, começando com a padronização de linguagem entre gestores e colaboradores. “Além disso, os líderes também devem falar abertamente sobre os próprios erros, afinal, eles não são infalíveis”, destacou. O diretor-executivo insistiu que não existe comunicação efetiva sem confiança.
Rodrigues acrescentou ainda a necessidade de realizar diagnósticos para subsidiar as ações. “A Cleveland Clinic foi verificar e identificou que os pacientes não entendiam o que os médicos falavam. Então, a instituição desenvolveu ferramentas para ajudar os profissionais a serem mais claros”, relatou. O mesmo estudo apontou que as pessoas classificavam o atendimento como bom tecnicamente, mas frio. “Com isso, eles criaram o programa H.E.A.R.T, que significa responder com o coração. É preciso entender quais são os principais gaps para construir as soluções efetivas”, concluiu.
Schiesari lembrou que a comunicação deve ser relevante, em torno do que está acontecendo, com formato eficiente e transmitida pelo porta-voz adequado de acordo com o conteúdo. “E devemos estar prontos para o diálogo com uma equipe cada vez mais diversa. Diversidade expande as perspectivas e nos aproxima das melhores soluções”, finalizou.
Programe-se para participar do último debate da Jornada Digital de agosto:
➜ 24/08: Capacitando a liderança clínica: melhores práticas e insights para a implementação de núcleos de segurança do paciente
Assista abaixo o debate “Anahp AO VIVO – Jornadas Digitais | Comunicação efetiva e segurança psicológica dos colaboradores para o bom desfecho do paciente”
