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Cirurgia de Endometriose profunda referencia equipe de ginecologia no Monte Sinai

O Serviço de Ginecologia do Monte Sinai tem feito com frequência cirurgias complexas para tratar a endometriose profunda. O médico que lidera a equipe que tem feito a maioria das intervenções no Hospital, Josélio Vitoi Rosa, explica que há quatro classificações para a doença, sendo as mais graves as de nível 3 e 4, que atingem diversos órgãos da pelve e exigem uma equipe multiespecialidade para a realização dos procedimentos.

As intervenções podem durar de cinco a seis horas e são feitas, em 99% dos casos, por videolaparoscopia. Exigem instrumental especializado e exames diagnósticos anteriores que ajudam a definir o alcance das lesões e os especialistas a serem envolvidos na cirurgia. Além do útero, em geral, a endometriose chamada “profunda” atinge ovários, bexiga, intestino e outros tecidos pélvicos. Na maioria dos casos, Josélio tem apoio de um assistente, ou atua como assistente, junto com o ginecologista Luciano Furtado. Sempre que há um comprometimento maior do intestino, eles contam com especialista em coloproctologia, principalmente os especialistas Roberto Heleno, Cristiane Bechara ou Maria Augusta. E se há intervenções mais complicadas, como no ureter, ainda incluem um urologista na equipe.

Mas o que é a endometriose?

Cada vez se fala mais de endometriose ou o número de casos vem aumentando? As estatísticas, ainda inconclusivas, apontam que a doença atinge de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva, e a literatura mostra a doença como causa de cerca de 40% dos casos de infertilidade feminina.

A endometriose acontece quando o endométrio – tecido que reveste a parede interna do útero – é eliminado durante a menstruação e passa a crescer fora da cavidade uterina, nos ovários, trompas, intestino, bexiga e outros. O endométrio que, mensalmente, acumula-se  dentro do abdômen provoca um processo inflamatório na pelve, podendo levar à aderência entre os órgãos dessa região. Seu principal sintoma é a dor, principalmente pelo enrijecimento dos tecidos. Como a chance de isso acontecer é grande, ainda não são claros para a ciência o motivo da maioria das mulheres serem imunes. A explicação mais provável é um tipo de imunidade celular, que leva o organismo a “fagocitar” o tecido estranho às áreas fora do útero.

Cada mulher tem um tipo acometimento, mas o tempo de desenvolvimento médio da doença no Brasil, até o diagnóstico inicial é de seis anos. Com isso, os casos mais graves tem sido cada vez mais frequentes. Há tratamentos em nível clínico, com analgésicos e hormônios, mas, em geral, a melhor solução é a intervenção por vídeo. A técnica da a melhor visão do comprometimento dos tecidos, evitando possíveis complicações, com imagens ampliadas “e o resultado mais importante é para a paciente, que tem recuperação mais rápida e tranquila, pois, mesmo nas cirurgias mais complexas ela não fica mais que cinco ou seis dias internada em observação, deixando o hospital, em geral, livre da dor”, explica o especialista.

Diagnóstico, investigação e especialização

Desconfiar da doença precocemente é o maior desafio nos preventivos ginecológicos, pois a endometriose pode ser assintomática e só descoberta quando a mulher não consegue engravidar. Mas é bom estar atento aos sintomas clássicos: fortes cólicas menstruais e dor no fundo da vagina durante a relação sexual, intestino solto ou muito preso durante a menstruação, dificuldade e dores para evacuar ou urinar neste período, desconforto contínuo na barriga ao longo de todo o mês, são alguns deles, que nem sempre em conjunto. A gravidade da doença está diretamente relacionada à intensidade dos sintomas e o histórico familiar também deve ser considerado.

Para os graus 3 e 4, os exames de imagem são eficazes, caso da ressonância magnética , principalmente, de um tipo especializado de ultrassom. Para confirmar o diagnóstico mais precoce, a observação clínica e mais liberalidade na investigação por videolaparoscopia são as melhores soluções para atacar o problema mais cedo. Exceto para o ultrassom específico, que não está no rol da ANS – e que exige profissional altamente capacitado e experiente, para “laudar” com segurança – todo o procedimento já é coberto pelos convênios. Mas o procedimento cirúrgico de endometriose profunda é de alto custo – numa condição particular pode chegar a custar de R$ 30mil a 50 mil. Josélio Vitoi Rosa ainda inclui exames de retossigmoidoscopia e colonoscopia na investigação do avanço da doença sobre o intestino. O procedimento também exige uma boa estrutura hospitalar, com instrumental diferenciado, como bisturis especiais, tesoura ultrassônica, grampeadores e outros. 

Especializado também em reprodução assistida, o médico tem cada vez atuado mais nos casos de endometriose, dado o volume de mulheres que só descobrem a doença quando pensam num tratamento contra a infertilidade. Porém, quando se fala em graus 3 ou 4, poucos profissionais querem atuar e, por isso, ele foi reorganizando sua agenda em função destas clientes e tem realizado até duas intervenções por semana. Como poucos ginecologistas fazem vídeo, e entre os que fazem, um menor número tem as condições e habilidades necessárias para a intervenção, ele virou referência em Juiz de Fora e região. “Além de conhecer anatomia profundamente, e preciso saber sobre vasos sanguíneos, inervações e a iniciação neste tipo de especialização exige pelo menos cinco anos de experiência anterior em vídeolaparoscopia.

“E, com o tempo, acabamos considerando a endometriose como um câncer que não mata, mas em geral, é mais difícil de operar que a maioria das cirurgias oncológicas”, diz. Josélio acredita no fato dos ginecologistas estarem mais atentos aos sintomas para justificar um maior conhecimento leigo sobre a questão e o volume de diagnóstico. Ele chama a atenção para a importância da avaliação nas mulheres mais jovens, sem filhos, justamente para evitar-se a evolução a nível profundo da patologia. “Não desprezar a queixa de dor durante a menstruação, durante as relações sexuais e até ao evacuar, são atitudes fundamentais para evitar o avanço da doença em estágios iniciais e mais facilmente tratáveis”, conclui ele.

Fonte: Monte Sinai – 17.09.2015

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