Café da Manhã: Testes moleculares são grande avanço no gerenciamento de doenças infecciosas

Diagnóstico mais preciso e rápido reduz tempo de internação, permite terapias mais direcionadas e diminui a utilização de antibióticos

A Anahp realizou mais uma edição do seu tradicional Café da Manhã nesta terça-feira (02). Dessa vez, o evento ocorreu em parceria com a bioMérieux, líder global em diagnóstico in vitro e presente em 44 países.

O encontro discutiu a “Diagnóstico molecular: revolução custo-efetiva no gerenciamento de doenças infecciosa” e contou com a participação de Carla Kobayashi, consultora técnica da Coordenação Geral de Farmacovigilância do Ministério da Saúde e infectologista no Hospital Sírio-Libanês. Ela enfatizou a importância do stewardship e mencionou que uma pesquisa recente com quase mil UTIs mostrou que mais da metade não tem um programa de gerenciamento de antimicrobianos. “Essa prática ainda é muito negligenciada”, afirmou.

Dentro desse conceito, Kobayashi apresentou como os testes moleculares têm transformado significativamente o gerenciamento das doenças infecciosas, com melhorias na precisão e rapidez dos diagnósticos, além de economia de recursos hospitalares. “É uma inovação que oferece abordagem sindrômica e utiliza uma única amostra para um diagnóstico abrangente, com alta sensibilidade e especificidade”, explicou.

Os testes moleculares disponíveis, continuou Kobayashi, incluem painéis para diferentes síndromes infecciosas, como respiratória, gastrointestinal, meningite/encefalite, pneumonia, hemocultura e osteomuscular. “O painel respiratório, por exemplo, pode identificar 22 alvos, incluindo vírus como adenovírus, coronavírus (incluindo SARS-CoV-2), e bactérias atípicas, como Bordetella, Chlamydia e Mycoplasma, com resultados em aproximadamente uma hora”, ilustrou.

A especialista reforçou que, além de rápidos, os resultados são reproduzidos em um único relatório. “Isso facilita a interpretação clínica e a gestão do paciente, reduzindo o tempo de internação, permitindo terapias mais direcionadas e diminuindo a administração de antibióticos”, resumiu. Apesar disso, ela advertiu que a evolução não funciona como estratégia isolada e deve ser acompanhada de iniciativas complementares, como a educação continuada dos profissionais de saúde.

“É indispensável que clínicos, intensivistas e assistentes de pronto atendimento tenham conhecimento técnico e confiança para tomar decisões imediatas à interpretação dos resultados. Não adianta ter o melhor teste se não ocorrer mudança na conduta clínica”, informou. Além disso, completou, é fundamental que a equipe esteja preparada para avaliar quais pacientes devem ser submetidos ao teste, já que o método não é indicado para todos os casos.

Kobayashi reiterou que os testes moleculares representam uma revolução no gerenciamento de doenças infecciosas. Contudo, para aproveitar todo o seu potencial, é necessário um esforço contínuo na preparação dos profissionais e na implementação de programas de stewardship robustos. “A aplicação correta desses testes pode transformar a prática clínica, melhorando significativamente os desfechos dos pacientes e reduzindo os custos hospitalares”, finalizou.

Assista o evento na íntegra:

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