Especialistas destacaram os desafios e soluções para o diagnóstico preciso e a importância do cuidado no pós-alta
O Café da Manhã Anahp da última terça-feira (19) foi realizado em parceria com a AstraZeneca, biofarmacêutica global voltada para inovação e ciência, e reuniu especialistas para debater as melhores práticas no manejo da Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada (ICFEp) e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), com foco na distinção entre as doenças. O evento também destacou a importância do cuidado no pós-alta para reduzir reinternações e melhorar desfechos clínicos.
Fabrício Assami Borges, cardiologista, coordenador médico de Terapia Intensiva e líder da Cardiologia no Hospital Santa Paula, e Rodrigo Athanazio, pneumologista especialista em Terapia Intensiva, pesquisador e professor da pós-graduação em Ciências da Respiração do InCor – HCFMUSP, abordaram os desafios do diagnóstico correto da ICFEp e DPOC, ressaltando que as condições compartilham sintomas como dispneia, tosse e fadiga. “A complexidade aumenta em pacientes com múltiplas comorbidades, tornando essencial o uso de ferramentas diagnósticas precisas e uma abordagem integrada”, afirmou Borges.
Athanazio enfatizou o papel dos protocolos hospitalares e de exames como espirometria e peptídeos natriuréticos. “A espirometria é essencial na identificação da DPOC, mas infelizmente ainda é subutilizada em muitos serviços de saúde”, alertou. Ele também frisou a necessidade de tratar a doença com terapias inalatórias e ações complementares, destacando a reabilitação pulmonar e a vacinação.
Os palestrantes também apresentaram um caso clínico para ilustrar os impactos do manejo inadequado no sistema hospitalar. Borges apontou que “pacientes com ICFEp, muitas vezes subdiagnosticados, sofrem com reinternações frequentes, comprometendo a qualidade de vida e elevando o risco de mortalidade”, e explicou que o tratamento exige medicamentos e o controle rigoroso de comorbidades, sobretudo a hipertensão e a obesidade.
Athanazio reforçou o impacto do subdiagnóstico da DPOC, que afeta cerca de 80% dos pacientes com a doença. “Sem diagnóstico, o paciente não recebe o tratamento correto e fica preso a um ciclo de exacerbações frequentes, comprometendo a sua saúde e o sistema como um todo”, afirmou. E apontou a educação continuada para equipes médicas como uma ferramenta para melhorar a detecção precoce.
Outro ponto discutido foi a importância do cuidado no pós-alta. Borges observou que pacientes com ICFEp devem retornar ao acompanhamento ambulatorial entre 7 e 10 dias após a alta, para ajustes terapêuticos. “Cada reinternação é um degrau a menos na qualidade de vida e na expectativa de sobrevivência. Um retorno precoce é crucial para evitar novas descompensações”, disse.
O debate também destacou a necessidade da abordagem multiprofissional. “O paciente não é do médico, ele é da equipe. Fisioterapeutas, farmacêuticos e enfermeiros desempenham papéis fundamentais no manejo e na orientação do tratamento”, afirmou Athanazio. E Borges finalizou lembrando que “protocolos bem estruturados e profissionais treinados transformam o cuidado hospitalar, otimizando o tempo e melhorando os desfechos para o paciente”.
Assista ao evento na íntegra: