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Biomarcadores para anticorpos monoclonais e imunoterapias serão alvo de Imersão em Oncologia sobre melanoma, em SP

Oncologistas do Brasil e Itália se reúnem para debater novas aplicações das terapias que bloqueiam a via BRAF e de imunoterapias que atuam sobre moléculas específicas, como o eixo PD-1/PD-L1. Evento, que acontece em 30 de agosto, debaterá também as novas tecnologias para diagnóstico. As inscrições, gratuitas e limitadas, estão disponíveis em www.accamargo.org.br/evento-detalhe/imersao-oncologia-melanoma/138

Oncologistas clínicos, dermatologistas, cirurgiões oncologistas, patologistas, radiologistas, radioterapeutas e demais profissionais envolvidos no manejo e tratamento interdisciplinar dos pacientes com melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele, participarão do capítulo V do Curso de Imersão em Oncologia Brasil-Itália, no A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo. A programação científica está disponível em www.accamargo.org.br/evento-detalhe/imersao-oncologia-melanoma/138

O evento, que acontecerá no sábado, dia 30 de agosto, é promovido pela instituição brasileira em parceria com o Istituto Nazionale Dei Tumori di Milano (IRCCS), da Itália. Durante o curso, que terá ao todo sete capítulos, especialistas de diferentes áreas se reúnem em pequenos grupos para atividades in loco e discussão de condutas. A coordenação geral deste capítulo sobre melanoma é do oncologista clínico do A.C.Camargo, Fábio Nasser Santos e do oncologista italiano, líder de inúmeros ensaios clínicos, Lorenzo Pilla, do IRCCS.

Além dos doutores Fábio Nasser e Lorenzo Pilla, haverá aulas apresentadas pelos dermatologistas e cirurgiões do Núcleo de Câncer de Pele e Dermatologia do A.C.Camargo, Juliana Casagrande, Eduardo Bertolli, Tatiana Blumetti e André Molina, além de outros nomes da instituição paulista, caso dos patologistas Clóvis Lopes Pinto e Mariana Pettacia de Macedo; do oncologista clínico, José Augusto Rink Junior e do radioterapeuta, Douglas Guedes de Castro.

IMUNOTERAPIA – Uma estratégia terapêutica desenhada para estimular as células do sistema imunológico do próprio paciente para destruir o tumor, a imunoterapia vem sendo uma das principais apostas da Oncologia no combate às formas mais avançadas de melanoma. Em linhas gerais, todos os dias o corpo fabrica milhares de células potencialmente malignas, que, normalmente são destruídas pelo sistema imunológico. Dessa forma, para o desenvolvimento e progressão dos tumores é necessário a presença de mecanismos de escape imunológico. Avanços recentes permitiram a identificação de várias proteínas responsáveis por esta regulação, destacando-se o CTLA-4, PD-1 e PD-L1, cujo o bloqueio é capaz de romper com os mecanismos de tolerância imunológico ao câncer. “O desenvolvimento de anticorpos monoclonais direcionados a estas proteínas, permite a perda da inibição dos linfócitos T e, por sua vez, vemos um aumento da resposta imunológica”, destaca Fábio Nasser.

O ipilimumabe foi o primeiro anticorpo direcionado ao CTLA-4 aprovada no Brasil. Resultados em estudos internacionais envolvendo um grande número de pacientes com melanoma demonstraram de forma clara o impacto positivo dessas novas estratégias no combate ao câncer. Outros anticorpos, voltados para os bloqueio do eixo PD1/PDL-1, seja através de anticorpos anti-PD-1 ou anti-PD-L1 já estão em fase avançada de desenvolvimento. “As imunoterapias voltadas para o eixo PD-1/PD-L1 têm apresentado resultados surpreendentes e a comunidade médico-científica está aguardando os resultados em fase 3”, destaca o oncologista clínico do A.C.Camargo Cancer Center, Fábio Nasser Santos.

Outro aspecto importante, destaca o especialista, é que o eixo PD-1/PD-L1 pode ser importante mecanismo de tolerância imunológica em diversos outros tumores. Além do melanoma, os tumores de mama, bexiga, pulmão e rim também podem ser alvos de uma nova classe de drogas baseada em imunoterapia.  Enquanto isso, a agência reguladora americana, o FDA, está avaliando em regime de urgência o pedido de aprovação do pembrolizumabe, um anti-PD-1, para o tratamento do melanoma avançado e metastático. 

BRAF e outros biomarcadores – O capítulo de melanoma do Imersão em Oncologia Brasil-Itália debaterá o papel do BRAF e de outras mutações como alvos-terapêuticos. A mutação no gene BRAF ocorre em cerca de 50-60% dos casos, sendo a maioria  decorrente da alteração de um aminoácido na posição 600 do gene, conhecida como V600E. A presença desta alteração é responsável pela ativação  permanente da via da MAPK quinase, importante na proliferação e perpetuação tumoral.  O desenvolvimento de drogas que inibem a atividade do BRAF foi responsável por grandes avanços no tratamento do melanoma. O vemurafenibe e dabrafenibe, ambas inibidores do BRAF, são responsáveis por ganhos expressivos no controle da doença avançada. No entanto, sua atividade se restringe a tumores com a presença da mutação, sendo necessária a realização de testes moleculares para sua correta identificação.

Além disso, esta classe de drogas pode ainda apresentar atividade em pacientes com metástases cerebrais, historicamente reconhecidos como locais de difícil penetração para os quimioterápicos convencionais. “Os inibidores do BRAF tem apresentado resultados animadores mesmo em pacientes com metástase no sistema nervoso central, sendo observados em alguns casos reduções importantes no volume tumoral, capazes de influenciar na abordagem desses pacientes”  afirma Nasser.  Ainda segundo o especialista, a radioterapia também tem um papel de extrema importância no tratamento destes pacientes e o desenvolvimento de novas tecnologias permite atualmente um tratamento mais preciso. “Quando a gente fala em pacientes com poucas lesões, é possível fazer tratamentos focais, como radiocirurgia ou radioterapia esterotáxica, possibilitando um maior controle da lesão tratada e poupando o tecido cerebral sadio dos efeitos adversos da radioterapia”.

Outras alterações genéticas têm ainda sido alvo de pesquisas, como as mutações nos genes do GNAQ e GNA11, encontradas com elevada frequência em melanomas uveais, um dos tipos mais comuns de melanoma nos olhos. A úvea é composta pela íris, corpo ciliar e a coróide. Mutações nestes genes também são importantes na ativação permanente da via MAPK quinase e, consequentemente, na proliferação tumoral.  “Resultados recentes observaram que o bloqueio desta via através do inibidores do MEK, como o selumetinibe, podem ser ferramentas importante do tratamento desta subtipo de melananoma, onde existem atualmente importantes limitações relacionadas a eficácia dos tratamentos convencionais” comenta o oncologista. “Estas novas drogas têm aberto ainda novas portas para o tratamento personalizado, com estudos iniciais mostrando uma eficácia nos inibidores do MEK1 isoladamente ou mesmo a combinação entre inibidores do BRAF para os pacientes melanoma com BRAF mutado”, acrescenta. Outro aspecto importante a ser discutido no curso, aponta Fábio Nasser, é que, em razão da heterogeneidade do câncer, com o passar do tempo muitos pacientes adquirem resistência, deixando de responder ao tratamento. “Provavelmente isso ocorra em razão de uma mutação secundária. O que se estuda é como identificar qual é cada mutação e aí realizar combinações de tratamentos”.

ALTA TECNOLOGIA PARA DIAGNÓSTICO – Uma nova tecnologia, em teste no Brasil por meio do Departamento de Câncer de Pele e Dermatologia do A.C.Camargo, tem demonstrado ser capaz de tornar o processo de diagnóstico do câncer de pele mais preciso e menos invasivo. Complementar à dermatoscopia digital (que propicia mapear e monitorar as lesões da pele) e à microscopia confocal (que, em muitos casos, evita biópsias desnecessárias), a tomografia de coerência óptica (OCT, na sigla em inglês), permite fazer uma espécie de biópsia virtual da lesão, confirmando a malignidade nos casos de dúvida e ajudando a definir as margens e as características do tumor, informações que são importantes para planejar o tratamento.

Similar a um ultrassom, o equipamento – ao invés ondas sonoras – emite um laser de baixa frequência, de cerca de 1,3 mil nanômetros, capaz de produzir uma imagem tridimensional com alta resolução. O exame dura apenas dois minutos e produz imagens em tempo real e em cortes transversais, com até 2,5 milímetros (mm) de profundidade – o que equivale à parte mais profunda da derme.  No entanto, o exame não é indicado para todos os pacientes. Ele é recomendado, principalmente, na avaliação das chamadas lesões duvidosas, casos em que os médicos não conseguem confirmar a malignidade por meio das demais técnicas de diagnóstico por imagem.

SERVIÇO
Imersão em Oncologia Brasil-Itália 2014
Capítulo V
Realização: A.C.Camargo Cancer Center e Istituto Nazionale dei Tumori di Milano
Data: 30 de agosto de 2014
Horário: das 8h às 16h45
Local: A.C.Camargo Cancer Center – Anfiteatro Humberto Torloni
Endereço: Rua Professor Antônio Prudente, 211, Liberdade, São Paulo – SP
Informações e inscrições: www.accamargo.org.br/evento-detalhe/imersao-oncologia-melanoma/138

Fonte: A.C.Camargo  – 27.08.2014

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