Asfixia perinatal e encefalopatia hipóxico isquêmica (E.H.I.)

843f73c33b55d9df6e354cfa3f95cd93 c803fO Café da Manhã Anahp desta terça-feira, 1 de dezembro, abordou o tema “Asfixia perinatal e encefalopatia hipóxico isquêmica (E.H.I.)”. Organizado pela Anahp e pela Air Liquide, líder mundial em gases, tecnologias e serviços para a Indústria e Saúde, o evento contou com a apresentação de Dr. José Maria Perez, coordenador médico do Centro Internacional de Neurodesenvolvimento Neonatal (CINN), além de convidados que só foram revelados no final do encontro.

Segundo José Maria, a asfixia perinatal é de grande incidência no mundo, mas afeta principalmente os países considerados em desenvolvimento. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), das cerca de 1 milhão de mortes provocadas pela doença no planeta, 99% ocorrem em países com esse nível de classificação econômica-social. Já no Brasil, morrem, todos os dias, aproximadamente 15 recém nascidos decorrentes da asfixia perinatal (SBP).

Para o palestrante, a alta incidência de casos está associada, entre outros fatores, à falta de informação das equipes assistenciais em relação a como acompanhar uma possível complicação do recém nascido após o parto.

“A grande maioria das equipes médicas não são treinadas a fazerem exame neurológico em recém nascidos. Temos que olhar os bebês continuamente. Não basta o recém nascido estar rosado e fazer o teste do APGAR por 5 ou 10 minutos para em seguida manda-lo para a maternidade. É muito comum que depois de 15 horas um bebê com problemas neurológicos venha a convulsionar e deve haver alguém por perto, acompanhado como ele está”, afirmou.

75b8528593057e78452e7cc23e79e24a bcea8Ele lembrou da opinião de um colega médico, que diz que “somos excelentes para reanimar, mas que ainda assim o insulto ao cérebro já se desenvolveu”, para reforçar a importância de mantermos o acompanhamento ao bebê evitando danos irreversíveis, mesmo que o bebê não perca a sua vida.

“Isso explica porque os dados na América Latina não são claros quanto à incidência. No Brasil, temos extrema dificuldade em fazer esse diagnóstico. Ou seja, o quadro da asfixia perionatal no país pode ser ainda pior. Como cuidadores, temos que mudar a nossa postura e agir para mudar esse cenário”, disse.

Ele também abordou algumas manobras para reduzir chances de sequelas neurológicas de um quadro de asfixia perinatal, como a Hipotermia Terapêutica. No entanto, destacou novamente a falta de informação em países em desenvolvimento em relação a assuntos relacionados à asfixia perinatal.

“Temos, oficialmente, apenas cinco estudos publicados sobre Hipotermia Terapêutica na América Latina. Muitas das técnicas que usamos no Brasil já foram descontinuadas em países da Europa e Estados Unidos. Temos que avançar na padronização da Hipotermia Terapêutica – hoje se faz isso mal, cada um à sua maneira. É fundamental implantarmos centros de Hipotermia Terapêutica na América Latina, criando diretrizes de atendimento”, apontou.

A surpresa ficou por conta da presença de pais de pacientes que sofreram a asfixia perinatal e encefalopatia hipóxico isquêmica. Dois deles relataram que seus filhos permanecem com sequelas graves. No terceiro caso, o recém-nascido teve seu quadro revertido, ficando sem sequelas. Todos relataram suas experiências, do momento do parto até a realidade que enfrentam hoje.

“As principais queixas de todos dizem respeito a como os hospitais conduziram o caso. Não houve informação e os pais, as famílias, se sentiram desamparados. A medicina defensiva, na qual não se fala a verdade por medo de processos, é uma vergonha. As famílias merecem saber sobre o caso, ouvi-las inclusive pode ajudar e muito com o paciente”, enfatizou Josér Maria, após acompanhar o depoimento dos presentes. 

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