Jornada Digital: Alta confiabilidade depende de cultura e processos

Mentalidade institucional e rigor com a metodologia são indispensáveis na busca pela taxa zero de eventos adversos

Na última quinta-feira (29), o Anahp Ao Vivo – Jornada Digital de agosto chegou ao fim após excelentes discussões sobre a segurança do paciente nos hospitais, com especialistas de referência compartilhando experiências e conhecimentos sobre o tema. O último encontro, que contou com a participação de 355 pessoas, abordou as “Organizações de alta confiabilidade e efeito na segurança do paciente” e trouxe informações fundamentais sobre serviços que operam com alto risco e mantém baixas taxas de eventos adversos.

O princípio da alta confiabilidade foi aplicado inicialmente nas indústrias da aviação e de energia nuclear e logo absorvido pelo setor de saúde. “Em comum, as unidades assistenciais desse nível têm uma forte cultura de segurança e são muito resilientes aos eventos adversos, com sistemas eficientes para recuperação ágil dos erros e manutenção da operação”, explicou Fernanda Bigolin, especialista em interoperabilidade e organizações de alta confiabilidade na área da saúde.

Bigolin ressaltou a importância na padronização e disciplina com os processos, destacando que, em geral, esses hospitais são muito cuidadosos – até resistentes – às sugestões de simplificação das rotinas operacionais. “Além disso, valorizam a expertise de todos os profissionais da jornada assistencial para que as decisões sejam tomadas com agilidade por especialistas que não estão necessariamente no topo da cadeia de comando”, afirmou.

Paula Tuma, diretora de Qualidade, Segurança e SCIH do Hospital Israelita Albert Einstein, destacou que a alta confiabilidade está relacionada a uma mentalidade institucional de melhoria contínua e de busca pela taxa zero de eventos adversos. “Os processos devem se desdobrar a partir desse entendimento”, afirmou. No entanto, ela completou, não é possível fazer isso sem rigor aos métodos estabelecidos, pois variações de conduta são prejudiciais. “As pessoas devem ser educadas dentro da metodologia adotada”, reforçou.

Tuma deu o exemplo dos feedbacks contínuos e padronizados. “Os reports têm que seguir um modelo para alcançar os objetivos de qualificar as práticas e engajar os profissionais. E, embora honestos e práticos, sempre apresentados com educação e compaixão para estimular a segurança psicológica. Afinal, instituição sem segurança psicológica é incapaz de discutir os próprios erros”, ilustrou.

Paulo Borem, diretor sênior do Institute for Healthcare Improvement (IHI), enfatizou o papel da liderança para criar um ambiente fértil para a melhoria contínua. “É responsabilidade desses gestores oferecer as condições e servir como exemplo”, disse. E reforçou a mensagem das colegas sobre a essencialidade de estabelecer processos eficientes. “O problema mais sério nessa área são sistemas mal projetados, pois todo o sistema é desenhado para chegar exatamente ao resultado que atinge”, resumiu.

Para finalizar e comprovar a urgência da questão, Natália Cabrini, diretora de Estratégia e Comercial na Wolters Kluwer na América Latina, apresentou alguns resultados da 2ª edição de uma pesquisa exclusiva realizada entre os hospitais da Anahp e lançada durante o evento.

Acesse aqui a nova pesquisa completa!

Sob o tema “Qualidade, segurança do paciente e a importância das ferramentas de suporte à decisão clínica”, o material aponta que, para 80% dos líderes, um dos principais desafios para garantir a segurança do paciente é promover a adesão das equipes aos protocolos. “Além disso, praticamente todos citaram a dificuldade de equilibrar a qualidade na segurança do paciente com a busca por sustentabilidade econômica”, finalizou.

Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais
O debate “Organizações de alta confiabilidade e efeito na segurança do paciente” teve a participação de Fernanda Bigolin, especialista em interoperabilidade e organizações de alta confiabilidade na área da saúde, Natália Cabrini, diretora de Estratégia e Comercial na Wolters Kluwer na América Latina, e Paula Tuma, diretora de Qualidade, Segurança e SCIH do Hospital Israelita Albert Einstein. A moderação foi feita por Paulo Borem, diretor sênior no Institute for Healthcare Improvement (IHI).

Assista ao evento sobre “Organizações de alta confiabilidade e efeito na segurança do paciente” na íntegra!

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