Traumas psicológicos relacionados ao parto, sepse, hemorragia e pré-eclâmpsia são destaque no evento realizado pelo Hospital e Maternidade Santa Joana e que contou com a participação de grandes nomes da Anestesia Obstétrica mundial, além de especialistas da Instituição
O Hospital e Maternidade Santa Joana, referência em alta complexidade, promoveu nos dias 14 e 15 de março de 2025 a 29ª Jornada Internacional de Anestesia Obstétrica. Destinado a médicos anestesistas, o encontro foi realizado em São Paulo (SP) e contou com estações práticas e palestras, além de apresentação de diversos casos clínicos e sessões interativas de perguntas e respostas com os convidados internacionais, tendo como foco a atualização dos profissionais para a melhoria da assistência à gestante e ao neonato.
O primeiro dia da Jornada foi composto por diversos workshops divididos em estações práticas que abordaram temas relacionados à pré-eclâmpsia, hemorragia, morbidade materna, inteligência artificial na saúde, circuito SHE (Sespe, Hemorragia e Pré-eclâmpsia) e anestesia neonatal. “Uma das novidades que trouxemos para essa edição foi um jogo de tabuleiro que desenvolvemos, o circuito SHE (Sespe, Hemorragia e Pré-eclâmpsia), para explicar os três protocolos que estão entre as principais causas de morte materna no País.
Divididos em dois grupos, os participantes foram apresentados a vários casos reais e uma equipe competia com a outra. O principal intuito do jogo era mostrar aos profissionais que, na dúvida, é sempre importante pedir ajuda, destacando que o trabalho em equipe contribui para a melhor assistência à paciente. Em resumo, no circuito SHE, a equipe que tivesse mais êxito nas respostas ganhava mais pinos (pequenos bonecos que representavam os profissionais e as gestantes) e quem fizesse mais pontos era o vencedor”, conta a Dra. Mônica Maria Siaulys, diretora Médica do Grupo Santa Joana.
Outro tema abordado nos workshops foi como os biomarcadores ajudam a antecipar o diagnóstico de pré-eclâmpsia, contribuindo na redução de desfechos adversos. A doença causa aumento da pressão arterial e pode se instalar de forma rápida em qualquer grávida durante a segunda metade da gestação ou até cerca de 10 dias após o parto, sendo que a patologia está associada a elevadas incidências de morbidade e mortalidade materna.
Já o segundo dia do evento contou com a participação de duas convidadas internacionais, a Dra. Melissa Bauer, professora associada de Anestesiologia e Ciências da Saúde Populacional no Centro Médico da Universidade Duke (EUA) com especialização em cuidados intensivos e anestesiologia obstétrica, e a Dra. Tracey M. Vogel, anestesiologista obstétrica e diretora da Clínica de Cuidados Informados sobre Trauma Perinatal em Pittsburgh, na Pensilvânia (EUA).
Melissa Bauer apresentou uma grande revisão da literatura, mostrando o que há de novo em anestesia obstétrica. A especialista abordou também as inovações no tratamento da sepse em gestantes e puérperas. Já Tracey Vogel discorreu sobre traumas psicológicos relacionados ao parto e como o anestesiologista pode contribuir para reduzir essa intercorrência. De acordo com a especialista, mulheres que possuem histórico de trauma são mais vulneráveis, por isso, é muito importante que a equipe médica esteja sempre aberta para ouvir e entender cada paciente e sua história por meio de uma comunicação transparente que ofereça um ambiente seguro e confiante antes de qualquer procedimento.
A palestrante destacou, ainda, que o primeiro ano após grandes complicações no parto aumenta o risco de problemas relacionados à saúde mental. Segundo Tracey Vogel, nos Estados Unidos as mortes relacionadas à saúde mental são atualmente a maior causa de morte materna. Diante disso, a detecção precoce dos sinais e sintomas pode favorecer melhores desfechos.
A edição 2025 da Jornada Internacional de Anestesia Obstétrica do Santa Joana trouxe, ainda, outra novidade: o Snap Talks – apresentações curtas com até sete minutos de duração que abordaram temas importantes do dia a dia do profissional de anestesia obstétrica, entre eles: ultrassom gástrico, via área difícil, transtorno no abuso de opioides, papel do cálcio na hemorragia, parada cardiorrespiratória na gestante e náuseas e vômitos.
“Ao logo desses quase 30 anos de evento, a Jornada tornou-se referência para os profissionais que exercem a anestesia obstétrica, sendo um momento de muito aprendizado e troca de experiências entre os participantes. Todos os anos trazemos o que existe de mais relevante na área e também novas estratégias de ensino, transformando o conhecimento em cuidado ao paciente. Outro tema extremamente relevante é como os anestesiologistas podem incorporar as ferramentas de inteligência artificial no seu dia a dia, seja para cuidar de um paciente à beira do leito como para educação multiprofissional”, finaliza a médica.
