Gabriel Cordeiro, de 11 anos, é uma dessas crianças. Em tratamento contra câncer há seis anos, concluiu, com sucesso, a última sessão de quimioterapia há um mês. O menino é uma das 12 mil crianças que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), têm algum tipo de câncer todos os anos. A estimativa para 2019 é a mesma.
Diferente do que pode acontecer com adultos, o estilo de vida geralmente não tem influência no desenvolvimento de cânceres em crianças. Por isso, o Hospital Pequeno Príncipe, que há cinco décadas é referência no tratamento da doença em crianças e adolescentes, reforça a importância do diagnóstico precoce para salvar vidas.
De acordo com o INCA, a doença é a principal causa de morte na faixa etária de 0 a 19 anos. Se diagnosticada a tempo, a possibilidade de êxito na superação do problema é de até 80%. “O diagnóstico precoce é muito importante para o tratamento e é o caminho que leva à cura. E quando se fala sobre casos de câncer que acometem pacientes que fazem parte do público infantojuvenil, ele é essencial”, comenta a chefe do Serviço de Oncologia e Hematologia do Pequeno Príncipe, Flora Mitie Watanabe.
A instituição, que oferece atendimento a pacientes de 0 a 18 anos, é considerada como o maior serviço pediátrico do Paraná na área, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde, sendo que cerca de 80% dos tratamentos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O Hospital também é referência no tratamento de tumores sólidos e doenças hematológicas malignas e não malignas do Brasil. “O câncer se manifesta de forma diferente nos adultos e em crianças e adolescentes. Os meninos e meninas respondem de forma melhor ao tratamento com quimioterapia. Por isso, é importante que o diagnóstico seja feito de forma precoce e a doença não seja descoberta tardiamente”, reitera a médica.
A leucemia é o tipo mais comum de câncer no público infantojuvenil, seguido de tumores do sistema nervoso central, linfomas e retinoblastoma. Os cânceres em crianças e adolescentes são considerados mais agressivos e se desenvolvem rapidamente. Por outro lado, crianças respondem melhor ao tratamento e as chances de cura são maiores, se comparado com o público adulto. Por isso, os sinais de alerta e o diagnóstico precoce são tão importantes. O olhar de toda a família conta nesses momentos. Natural de Toledo, Mariana Diniz tinha apenas sete meses quando, em uma foto, ficou com o “olhar distorcido”. O lindo olho azul direito deu lugar a uma luz esbranquiçada, que logo foi notada pela família. Com o diagnóstico de retinoblastoma, Mariana iniciou o tratamento com a equipe oncológica do Pequeno Príncipe. Hoje, aos 21 anos e uma perfeita prótese no olho direito, a ex-paciente, agora arquiteta, retorna apenas para visitas de agradecimento.
Sinal de alerta
Muitas vezes, os sintomas do câncer são confundidos com doenças comuns da infância. Fique atento a:
– Dores nos ossos, principalmente nas pernas, com ou sem inchaço.
– Palidez inexplicada.
– Fraqueza constante.
– Aumento progressivo dos gânglios linfáticos.
– Manchas roxas e caroços pelo corpo, não relacionados a traumas.
– Dores de cabeça, acompanhadas de vômitos.
– Perda de peso, com aumento/inchaço na barriga.
– Febre ou suores constantes e prolongados.
– Distúrbios visuais e reflexos nos olhos.
Sobre o Serviço de Oncologia e Hematologia do Hospital Pequeno Príncipe
O Serviço de Oncologia e Hematologia do Pequeno Príncipe é o maior do Paraná e atende crianças e adolescentes há 50 anos. Anualmente, cerca de 120 novos pacientes são atendidos na instituição, que oferece tratamento completo e multidisciplinar.
Apesar de estruturado em 1968, desde 1962 a instituição já realizava atendimentos hematológicos. Com a formalização da área, tornou-se um importante centro para o tratamento de tumores sólidos e doenças hematológicas para meninos e meninas de todo o Estado.
• Atendimento a crianças e adolescentes de 0 a 18 anos
• Cerca de 80% dos pacientes atendidos pelo SUS
• Cerca de 3.681 aplicações de quimioterapia ambulatorial
• 8.177 atendimentos/consultas ambulatoriais
• 1.086 internações
• 120 novos pacientes por ano
• Cerca de 500 pacientes em tratamento simultaneamente