Porque é tão difícil avançarmos em novos modelos de remuneração para os hospitais brasileiros? Dificuldade técnica, inércia ou falta de confiança?

IMG 5063 d966dO Café da Manhã Anahp desta terça-feira, 10 de novembro, abordou o tema “Porque é tão difícil avançarmos em novos modelos de remuneração para os hospitais brasileiros? Dificuldade técnica, inércia ou falta de confiança?”. 

Organizado pela Anahp e pela Planisa, consultoria especializada no planejamento e organização de instituições de Saúde, o evento contou com apresentação de Afonso José de Matos, Diretor Presidente da Planisa, e Sérgio Lopez Bento, Diretor de Projetos Especiais da Planisa. 

Os especialistas analisaram o atual modelo de remuneração do mercado de saúde, muito pautado pelo fee for service (conta aberta por unidade de serviço), e comentaram as mudanças discutidas no Grupo de Trabalho da Agência Nacional de Saúde Suplementar, que sugere a tabela compacta e a conta aberta aprimorada, em trabalho que reuniu a colaboração de representantes de classe de hospitais e operadoras de planos de saúde. Por fim, comentaram também os desafios do setor para a implantação de novos modelos de remuneração, como a diária global.

“Hoje, o setor possui uma lógica de remuneração que não gera valor agregado na produção dos melhores resultados de saúde para os beneficiários. Trata-se de um incentivo ao uso de recursos, e um desincentivo à eficiência, já que quanto maior a eficiência no tratamento, menos se fatura. Por isso vemos tantos hospitais interrompendo atividades que usam poucos insumos, como maternidade, pediatria, e correndo em busca de oferecer serviços de alta complexidade”, afirma Sérgio Lopez Bento, Diretor de Projetos Especiais da Planisa. 

Afonso José de Matos, Diretor Presidente da Planisa, apontou as premissas para a implantação de novos modelos de remuneração. Ele citou o Documento do Grupo Técnico da Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS), intitulado “Sistemáticas de Remuneração dos Hospitais que Atuam na Saúde Suplementar: Diretrizes e Rumos” (rodada do Rio de Janeiro – Junho/2011).

“O atual modelo de gestão da grande maioria dos hospitais brasileiros é um em que tudo pode, em que todos os custos entram na conta, incluindo o uso muitas vezes desnecessário de exames e insumos. A premissa básica para uma mudança do modelo de remuneração vigente passa por uma melhoria no processo de gestão das instituições hospitalares do Brasil e, em meu entender, infelizmente nem todos estão preparados para efetuar essa transição. Há que se ter uma compreensão mais estratégica do negócio”, analisa.

Outro ponto destacado por ele foi que “o beneficiário não tem acesso a informações de efetividade das instituições hospitalares, como comparação de custo, qualidade e resultado de cada instituição hospitalar”. 

Para Afonso José de Matos, em geral, na rede hospitalar brasileira discute-se muito aspectos de remuneração sem conhecer custos e sem ter gestão médica, e até sem definição de produto (prática, procedimentos e insumos). “Quem produz não sabe quanto custa e quem compra não sabe quanto vale. Uma verdadeira conversa de surdos”, diz.

“A maioria dos hospitais não têm um produto, ele define seu custo a partir da média de gasto para cada tipo de serviço médico, que é baseado pela ação do médicos, porém com cada membro da equipe clínica agindo por conta própria, sem um procedimento padrão, sem um método de trabalho único que foi alinhado entre o hospital e todos os médicos. É essencial que o corpo clínico participe desse processo para uma melhor gestão de custo e eficiência das instituições hospitalares”, conclui Sérgio Lopez Bento.

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