Nos últimos meses, acompanhamos uma série de notícias referente ao fechamento de leitos de maternidade no país e os motivos que levaram as instituições de saúde a essa decisão. Mas de fato faltam leitos de maternidade no Brasil?
Para falar sobre o tema, essa edição do Panorama Anahp conta com a participação de Eduardo Rahme Amaro, Diretor do Grupo Santa Joana (SP) – uma das principais redes brasileiras especializadas em maternidade. De acordo com levantamento realizado pela Anahp, a partir de dados do Datasus, o país conta atualmente com 54.903 leitos de maternidade, o que representa uma queda de 8,8% em relação a 2010 (5.272 leitos a menos). A queda foi observada tanto nos leitos públicos (SUS) quanto privados (não SUS).
Para o Diretor do Grupo Santa Joana (SP), este cenário está relacionado à comparação entre custo e remuneração/rentabilidade de um leito de maternidade com um leito de outra especialidade que envolve materiais e medicações de alto custo. “Caso a instituição não tenha um volume adequado de partos, a maternidade se torna inviável financeiramente”, comenta.
Entre 2010 e 2015, a quantidade de leitos de maternidade públicos caiu 9,4%, enquanto que nos leitos privados a queda foi menor, de 6,7%. Segundo Amaro, o principal desafio das maternidades no país é o envelhecimento da população, que resulta em um aumento da complexidade dos casos, com gestações de alto risco, má-formação, etc. “Para cuidar de forma adequada destas pacientes, as maternidades precisam de recurso tecnológicos de ponta, uma retaguarda ampla de especialistas. Tudo isso acarreta em uma elevação de custos”, argumenta.