Indicadores biológicos: armas contra a infecção hospitalar

Café da manhã da Anahp em parceria com a 3M debateu importância da esterilização e de como assegurar sua eficácia

Ninguém questiona a necessidade da esterilização nos ambientes hospitalares. Usar instrumentos e equipamentos devidamente limpos é um passo importante para evitar eventos adversos. Mas como saber que os processos de esterilização adotados nas instituições são realmente eficazes? Para isso existem os indicadores biológicos – tema do Café da Manhã Anahp realizado na última terça-feira (23) em parceria com a 3M.

Segundo Jeane Gonzalez Bronzatti, enfermeira especialista em gestão de economia em saúde e doutoranda na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), monitorar a letalidade (para os microrganismos, claro) de um processo de esterilização é fundamental, daí a importância dos indicadores.

“São discos ou tiras de papel impregnados com milhões de esporos bacterianos resistentes ao método de esterilização que se quer monitorar. Se após o processo esses microrganismos não sobreviveram, significa que o processo foi eficaz”, explicou a convidada.

Atualmente o vapor saturado é o método mais utilizado de esterilização em instituições hospitalares, uma vez que o calor seco é proibido em instituições hospitalares desde os anos 90, e é usado somente na indústria farmacêutica. A radiação é outro método comum, mas apenas em empresas. São esterilizados em hospitais instrumentos convencionais, específicos para determinados procedimentos, implantes, instrumentais em contato com cérebro e coração etc.

Os indicadores se encontram atualmente na terceira geração, o que significa uma leitura em três horas e nos departamentos de esterilização, não em laboratórios a parte – como era na primeira geração -, inclusive com alteração fluorescente (ou seja, brilha na presença de luz ultravioleta).

Importância
“Só quem sofre uma infeção relacionada a assistência na saúde sabe o problema que isso traz”, disse Jeane. Segunda ela, países desenvolvidos apresentam índice de 7% para infecção associado à assistência, enquanto países em desenvolvimento como o Brasil chegam a 10%. Na Europa são 4,1 milhões de pessoas infectadas todo ano. “Não podemos ficar sentados vendo a infecção hospitalar elevar custos de tratamento e ameaçar a vida do paciente.”

Segundo os números apresentados pela enfermeira, a taxa de mortalidade por infecção relacionada à assistência na saúde chega a 18,5% na América Latina, 23,6% na Ásia e 29,3% na África. Combater o problema passa, segundo recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), a monitorar a esterilização diariamente. Isso permite a detecção rápida de falhas e reduz os riscos.

Também evita, por tabela, o aumento da taxa de infecção nos hospitais, ainda mais “em um país como o Brasil, em que a saúde é tão carente. Cada paciente que passa mais dias internado aumenta a fila de espera por leitos”, ponderou a enfermeira, lembrando que paciente que contraem infecção hospitalar podem processar a instituição. E processos significam mais custos.

“Não podemos, quando colocamos em risco a segurança do outro, arranjar desculpas”, ponderou.

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