Especialistas nacionais e internacionais discutem na Anahp a Cadeia de Valor na Saúde

Evento com palestras e talk show teve a presença de 50 convidados exclusivos

8d163515-91a1-4467-a626-15f7d84311bf 0e891Em evento realizado na última quinta-feira (02/06) pela Anahp, CBEXs – Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde, Consulting House, e com patrocínio da Pitney Bowes, presidentes, acionistas e membros do Conselho dos maiores hospitais privados do país se reuniram na sede da Anahp, em São Paulo, para discutirem a Cadeia de Valor na Saúde.

Batizada de Healthcare Exchange, a inciativa reuniu palestras de especialistas nacionais e internacionais e ofereceu um café da manhã aos convidados. Professor espanhol de Estratégia e Supply Chain Management na IMD/ Suíça, e PhD em business pela INSEAD, Carlos Cordon realizou exposição sobre “Os desafios de supply chain na saúde”.

Ele começou sua apresentação apontando como o Big Data tem transformado os negócios em todo o mundo. A capacidade de captar e analisar um número enorme de informações do público, principalmente devido a aplicativos integrados aos celulares da população, faz com que a adoção de estratégias possa ser muito mais assertiva por parte das lideranças, seja na adoção de métodos para a venda de produtos, seja até mesmo no planejamento das cidades – obter os trajetos mais usados pela população para um melhor dimensionamento do transporte público, por exemplo.

Na área da Saúde, comentou sobre o trabalho da BetterDoc.com, site que orienta pessoas antes da consulta médica. Eles entrevistam o paciente, entendem as suas necessidades, buscam a especialidade mais indicadas ao problema e marcam consultas apenas com médicos ou hospitais previamente avaliados, com qualidade atestada. Um tratamento, que por ser individualizado, acaba sendo mais eficaz.

d5521fa6-c515-4602-9b97-2217d41a75ed 3b04eTipo semelhante de acompanhamento mais próximo dos pacientes vem sendo oferecidos por redes de farmácias. Atentas ao fato de que a automedicação é um risco à saúde das pessoas, estão reformatando seus modelos de negócio. O exemplo citado foi a MediQ, da Holanda, em que as farmácias do grupo passaram de simples revenda de caixas de medicamentos a locais que oferecem um cuidado permanente ao paciente.

“Imagine que você tem todas as informações do mundo, como isso poderia afetar o seu negócio? Isso poderia mudar a razão de ser do seu negócio, não é mesmo? O Big Data atingiu o ponto de inflexão em quase todos os negócios. Novos modelos estão surgindo com base no ecossistema social. Para essa nova jornada, você deve usar novos métodos e esquecer os antigos”, disse.

Segundo Cordon, para se atingir essa renovação é preciso estar atento a alternativas que ampliem o olhar das instituições. “Explorar o mundo, rever o seu Quadro de Modelo de Negócios (Business Model Canvas), rever a sua fórmula de lucro ou até investir em startups. Um novo mundo exige novos pensamentos”, defende.

O segundo painel do dia foi feito por Marcelo Caldeira Pedroso, Professor do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP).

Em sua abordagem sobre “Cadeia de valor da saúde no Brasil”, Pedroso apresentou um modelo de gestão estratégica para serviços de Saúde, trabalho que ele desenvolveu em sua tese de doutorado.

O professor ressaltou a importância do conhecimento como um dos elementos principais na cadeia de valor. É a partir do conhecimento que se constrói reputação e qualidade de atendimento, para ele o bem maior de qualquer hospital.

Ele considera que o fluxo da cadeia de valor na Saúde é composto por quatro grandes fluxos: de inovação e conhecimento; financeiro; informação; e de produtos e serviços.

90821b3c-c9a1-4ae9-817a-2b4931bf015e a0e59“Os serviços de saúde são o elemento central na cadeia de valor da Saúde. É um setor complexo, extremamente fragmentado e que sofre inúmeras pressões: restrições e diretrizes regulatórias, restrições financeiras, demanda por incorporação tecnológica, além da necessidade de sempre captar a preferência dos pacientes”, afirmou.

Ele também destacou a ineficiência da Saúde brasileira, um dos reflexos dessa fragmentação do setor. Pedroso apresentou um dado da Organização Mundial da Saúde (OMS), que afirma que de 20 a 40% dos recursos aplicados em Saúde no mundo são desperdiçados por ineficiência.

“De acordo com o Índice Bloomberg de Eficiência em Saúde, atualmente o Brasil ocupa o 48º lugar no ranking de eficiência nesse tipo de serviço. Entre outros fatores, isso se deve ao efeito escala. Em comparação com outros hospitais do mundo, apenas o Beneficência de São Paulo oferta um número de leitos compatível com as 100 maiores instituições hospitalares do planeta”, disse.

Para Pedroso, os principais fatores que estão associados ao aumento consistente dos  custos em saúde são: Longevidade e envelhecimento populacional, incorporação tecnológica, ineficiências na concepção e gestão de sistemas de saúde e problemas de segurança do paciente. “Cabe destacar que dentre todos esses, apenas o primeiro não pode ser gerenciado”, completou.

DEBATE

bfc7d84d-4ece-4d84-b506-24b28e39fbfc-1 7e949Em seguida foi a vez dos especialistas se unirem aos convidados Cláudia Cohn, presidente da ABRAMED, e Gabriel Palne de Souza Rodrigues, da Geriatrics, para um Talk Show mediado por Carlos Figueiredo, CEO da Anahp.

O momento foi iniciado por uma provocação de Figueiredo: Afinal, para quem trabalham os hospitais? Para as operadoras de planos de Saúde ou para os pacientes? Pois existe sempre o conflito de eficiência e prevenção versus o modelo de remuneração, em que se paga por serviços.

Para Cláudia Cohn a transição no modelo de remuneração vai ocorrer de modo progressivo e em longo prazo. “Temos que trabalhar com a realidade de hoje, mas sem perder de vista um futuro mais promissor para a Saúde do país, em que o modelo de remuneração valorize aqueles que evitam a doença e não que apenas a tratam”, afirmou.

Gabriel aponta a falta de transparência e integração de alguns hospitais em um movimento que vise a melhores condições de negociação para os hospitais. “Hoje, quando apresentamos a nossa taxa de resolubilidade às operadoras como forma de obtermos uma melhor negociação, as operadoras nos dizem que não possuem informações comparativas, que outras provedoras de serviços de saúde não entregam essas informações. Ou tratamos a transparência das informações e buscamos a integração entre todos os elos da cadeia ou esse cenário persistirá assim por muito mais tempo”, enfatizou.  

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